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Orçamento do Estado

De 0 a 10, que nota merece o Orçamento do Estado? 11 comentadores fazem a avaliação e a maioria dá positiva (mas a média não chega a 6)

Ministro das Finanças Joaquim José Miranda Sarmento e o Ministro dos Assuntos Parlamentares Pedro Duarte entregam o OE 2025 ao Presidente da Assembleia da República Aguiar Branco.
Ministro das Finanças Joaquim José Miranda Sarmento e o Ministro dos Assuntos Parlamentares Pedro Duarte entregam o OE 2025 ao Presidente da Assembleia da República Aguiar Branco.
Nuno Fox

Pedimos a um conjunto de nomes, de jornalistas do Expresso a comentadores e colunistas do jornal e a economistas que, analisada a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, nos dissessem com que percepção ficaram. E qual a nota que acham que o documento merece. Eis as avaliações de Teresa Violante, Bernardo Ferrão, Eunice Lourenço, Daniel Oliveira, Luís Aguiar-Conraria, Márcia Silva Pereira, Pedro Gomes Sanches, Liliana Valente, João Silvestre, João Pinto e Luís Marques. A média é de 5,8

TERESA VIOLANTE

Nota: 4

Potenciais inconstitucionalidades no OE 2025

A proposta mantém inalterados dois tributos sobre os quais pende a ameaça de (mais) decisões de inconstitucionalidade: a contribuição extraordinária sobre o setor energético (CESE) e o adicional de solidariedade sobre o setor bancário (ASSB). Em ambos os casos os tributos foram criados em contextos excecionais, para fazer face a situações supostamente provisórias.

Um legislador orçamental prudente deve equacionar as situações de risco constitucional, sobretudo quando existem várias decisões do Tribunal Constitucional proferidas em fiscalização concreta que decidem no sentido da inconstitucionalidade. No caso do ASSB, existe ainda uma recomendação da Provedora de Justiça enviada em setembro de 2023 a Fernando Medina, explicando que se abstinha expressamente de desencadear a intervenção do Tribunal Constitucional para evitar uma situação com impactos nefastos para o Orçamento da Segurança Social (a receita do ASSB reverte para o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social). A recomendação ficou sem resposta.

O Tribunal Constitucional parece estar a perder a paciência com legislação tributária “ofegante”, cuja provisoriedade se arrasta no tempo. Litigância pendente pode conduzir não só a desfechos com impactos diretos na receita a cobrar em 2025, mas também a declarações de inconstitucionalidade que, na ausência de restrição de efeitos, podem produzir sérios estragos na execução orçamental. Basta pensar que, entre 2021 e 2023, a CESE representou mais de 300 milhões de euros para os cofres do Estado.

Teresa Violante é constitucionalista, professora e investigadora.

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