Daniel Oliveira

O verde cai-te bem

8 junho 2019 0:01

A “onda verde” foi mais alemã do que europeia e, por cá, caiu sobre um partido animalista que tem “natureza” no nome. Mesmo assim, deveremos assistir, já nas legislativas, a um esverdeamento da política. Até partidos que fizeram campanhas contra as ciclovias deverão apostar na cor da moda. Por isso, e antes que a coisa se torne ainda mais vazia, falemos de política. Porque suspeito que o eleitorado vá continuar a dispensar programas com propostas urbanísticas complexas, listas de investimentos e defesas de políticas industriais e fiscais que casem o contrato social com um contrato ambiental. É uma seca, mas a política ambiental é mesmo política. Da chata. Com as velhas questões de sempre. É impossível travar o colapso ambiental sem intervenção dos Estados no mercado. Por isso, é estúpido um ecologista afirmar que não é nem de esquerda nem de direita, por mais tosca que seja uma dicotomia que traduz com traço grosso escolhas essenciais. Para salvar o planeta é preciso devolver ao Estado o papel de estratego. São precisas políticas públicas que custam dinheiro que vem dos impostos que empresas ou trabalhadores pagarão. É preciso interferir na propriedade privada e na liberdade económica. Ou então acreditar que o mercado, através de consumidores conscientes, resolverá as coisas. Tudo isto bule com convicções políticas sobre o papel do Estado, os limites da propriedade e o modelo económico que queremos. É mais popular ser anti-ideológico, fazendo parecer tudo absolutamente novo. Mas é uma aldrabice. Porque tem de se responder sempre à pergunta mais difícil: quem paga?

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