É natural e positiva a multiplicação de greves. É quando se destapa a panela que a paciência transborda. As pessoas sentem que os tempos estão melhores e querem parte da bonança para si. Só assim desequilibrarão um balança que, em crise ou fora dela, cai sempre para o lado de lá. Só que nem todos os trabalhadores têm o mesmo poder. Por isso tenho escrito sobre o cuidado que o movimento sindical deve ter perante o crescente desnível de capacidade reivindicativa entre trabalhadores do público e do privado. Nem dentro do mesmo sector o poder é partilhado por igual. Os maquinistas da CP ou os pilotos da TAP sempre conseguiram mais do que os seus colegas. Porque param o país. E isso até criou, dentro destas empresas, situações de intolerável injustiça. Só sindicalistas politicamente conscientes conseguem evitar que prevaleça a lei do mais forte. E, com todas as críticas justas que se fazem ao sindicalismo marcado pela cultura do PCP, ele sempre teve a vantagem de se basear numa solidariedade de classe entre trabalhadores e não numa pertença a um grupo profissional. Historicamente, essa foi a grande fronteira entre os sindicatos socialistas e fascistas. Pelo contrário, a fragmentação do sindicalismo em minúsculos sindicatos de nicho sem relações de solidariedade entre si alimenta a intransigência egoísta de grupo. E isto será cada vez mais difícil de gerir.
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