A verdade foi substituída por um subproduto: a boçalidade. Perdemos o que nos faz adultos: distinguir a realidade da fantasia e manter regras sociais de contenção. Esta infantilização coletiva é uma das causas para a ascensão de perturbados egomaníacos como Trump
Para exibir a inutilidade da ONU e exigir o Nobel da Paz, Donald Trump congratulou-se por ter acabado com sete guerras em sete meses, misturando escaramuças, conflitos de poucos dias, tensões que se mantêm e duas guerras inexistentes — entre a Sérvia e o Kosovo (um acordo de normalização económica sem qualquer sinal de confronto) e entre o Egito e a Etiópia (meras tensões diplomáticas por causa de uma barragem, que a última guerra foi no século XIX). De fora ficaram, claro, guerras reais, como na Ucrânia e em Gaza, que Trump jurara que acabaria num ápice, até amuar com os seus responsáveis por não lhe fazerem a vontade. Para o herdeiro mimado, o Nobel tem a mesma função de quase tudo o que faz: alimentar o seu ego inseguro. E para isso servem todas as cimeiras, negociações, visitas de Estado: evitar a birra do bebé grande que se transformou no homem mais poderoso do mundo.
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