Opinião

O cidadão na segurança: uma solução inteligente

O cidadão na segurança: uma solução inteligente

Bruno Pereira

Presidente do Sindicato dos Oficiais de Polícia da PSP

O investimento num "Agente Cívico" para tratar de expediente ou gerir frotas é marginal comparado com o custo de um profissional de polícia

Os polícias da PSP estão envelhecidos e sobrecarregados. Muitos dos nossos agentes, altamente treinados para missões operacionais, encontram-se afogados em tarefas administrativas que poderiam ser executadas por outros.

Esta é uma gestão de recursos ineficiente que custa caro ao Estado e retira polícias das ruas. A solução não passa apenas por mais contratações, mas por uma gestão mais inteligente, à semelhança do que já fazem as polícias mais modernas da Europa.

Propomos a criação de um Serviço Cívico na Segurança (SCS), um programa de voluntariado remunerado para cidadãos que queiram apoiar a PSP em funções estritamente não-operacionais. Inspiramo-nos em modelos de sucesso como os Police Support Volunteers do Reino Unido, que realizam tarefas de apoio administrativo e logístico, e a Réserve Opérationnelle francesa, que oferece um vínculo contratual e remunerado.

A análise custo-benefício é clara e irrefutável. O investimento num "Agente Cívico" para tratar de expediente ou gerir frotas é marginal comparado com o custo de um profissional de polícia. Cada hora que um cidadão dedica a estas tarefas é uma hora que um polícia ganha para patrulhar, investigar e proteger a comunidade. O SCS não visa substituir polícias, mas sim libertá-los para a sua missão principal, a segurança das nossas comunidades.

Além do ganho evidente na otimização de recursos, o SCS funcionaria como um "viveiro" de talento. Os jovens participantes conheceriam a instituição por dentro e, com avaliação positiva, poderiam beneficiar de uma bonificação no concurso de admissão. Isto permitiria à PSP recrutar candidatos mais motivados, testados e já familiarizados com a cultura policial.

Esta é uma medida racional, de baixo custo e elevado retorno, mas sobretudo uma medida necessária para responder ao difícil contexto que a instituição vive no plano da captação e retenção de Polícias, sendo a falta de atratividade e o êxodo fenómenos cada vez mais enraizados na organização PSP.

A medida que propomos reforça a ligação à comunidade, moderniza a administração e, acima de tudo, coloca mais polícias onde eles são precisos. É uma solução pragmática que o Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia apoia e que o Governo deve implementar com urgência.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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