Homens que olham para o horizonte na praia, que veem TV de pé, que se acham vítimas do Tinder, do capitalismo, das relações e mártires da igualdade. É o que temos para já
As férias de agosto dão-nos para balanços. É verdade, está a ser o ano em que se descobriu que “há uma crise da masculinidade”, ou que “há qualquer coisa errada com os homens”, ou que “os jovens rapazes estão em perigo ao ser intoxicados pelos telemóveis”. É escolher. Qualquer uma delas passou subitamente de “tolice” a verdade inquestionável. Olho para a beira-mar e constato como há coisas que não mudam. Chegados a certa idade, os homens — alguns, muitos — são levados a uma contemplação solitária do horizonte; não poucos colocam as mãos nas ancas — nada que ver com o tom de desafio de forcado às ondas, talvez mais em desalento, como se o que está além se exibisse descaradamente inalcançável. Este é um dos mistérios da praia que não consigo resolver. Hoje, descubro-me do lado dos que olham para o infinito como se se tivesse perdido uma caravela imaginária. E não sinto nenhuma cumplicidade com o fulano que, ao fundo, está na mesma pose. Nenhuma irmandade.
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