Entre 1957 e 1974, cerca de 900 mil portugueses foram para França. Mais de meio milhão ilegalmente. O Bidonville de Champigny tinha muitos. Hoje, chamamos criminosos aos que chegam sem papéis e vivem em barracas. Olhamos de cima para os que nos limpam as casas e os escritórios, tratam dos velhos, erguem os prédios, pavimentam as estradas, colhem os alimentos. Como tantos que esquecem de onde vieram, somos especialmente cruéis na nossa superioridade
Nos trinta anos depois da II Guerra, França viveu um boom económico que levou a uma forte necessidade de mão-de-obra. Como sempre aconteceu e acontecerá, esta necessidade resultou em imigração em massa para o território. O que, associado a uma crise habitacional e à falta de planeamento urbanístico, levou ao surgimento de bairros de lata que, em França, ganharam o nome de bidonville. Construídos com material precário, sem água potável, saneamento ou eletricidade, eram bairros informais que se multiplicaram nas periferias de Paris. O bidonville de Champigny era onde havia mais portugueses. Mas não era o único.
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