A descolonização foi violenta, tumultuosa e rápida por responsabilidade dos que recusaram uma descolonização pacífica, politicamente negociada e no tempo em que aconteceram no resto de África. O seu poder autoritário precisava de segurar um império colonial anacrónico nas mãos de um país miserável e atrasado
Segundo uma sondagem recente da Universidade Católica para a RTP, 36% dos portugueses acham que a descolonização foi “boa” ou “muito boa”, 26% “má” ou “muito má” e 32% “nem boa nem má”. Imagino que a maioria das avaliações negativas se veja a si própria como altruísta. As ex-colónias africanas passaram por regimes de partido único e, em dois casos, por dolorosas guerras civis. Mas a mesma sondagem diz que 76% dos angolanos consideram que a independência foi “boa” ou “muito boa” e apenas 11% fazem uma avaliação negativa. Em Cabo Verde a avaliação positiva sobe para os 88% e só uns marginais 4% fazem uma avaliação negativa. Para não sermos demasiado severos connosco, 86% dos portugueses consideram que a decisão de Portugal reconhecer as independências foi correta e 57% dizem que teriam apoiado a independência no decorrer da Guerra Colonial. Assim, é falso que a maioria dos portugueses seja saudosista do colonialismo e que os ex-colonizados tenham saudades dos portugueses. No momento em que celebramos meio século da descolonização, seria bom não deixarmos que uma minoria ressentida monopolize os termos deste debate.
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