Um Leão americano sentado no trono de Pedro e disponível para criticar o trumpismo é mesmo o melhor que poderíamos esperar, e recoloca a igreja no seu papel central: é Jerusalém por acima de Atenas
Esta eleição papal não era uma qualquer. Vivemos tempos decisivos; saímos de uma estrada temporal que todos conhecíamos (1945-2024) e chegámos a um cruzamento com várias possibilidades. Qualquer decisão agora tem um peso renovado, até porque se sente de facto a pólvora e o sarro autoritário no ar. Neste contexto, a decisão do Vaticano era fundamental porque convém recordar a história: há cem anos, o mundo católico, por ação ou omissão, ficou ligado a muitas ditaduras, Franco, Salazar, Vichy, só para citar algumas. Ou seja, muitos católicos há cem anos, apertados pelo comunismo de um lado e pelo extremo capitalismo do outro, optaram pela segurança do “nacionalismo católico”; sucede que um “nacionalista católico” é uma contradição nos termos. Ao escolher este Papa, que já criticou o nacionalismo trumpista, sobretudo o ódio que Trump coloca nas deportações, o Vaticano diz-nos que aprendeu com a história e que desta vez não se vai aliar aos profetas do fechamento.
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