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Opinião

O caldo que preparamos

Crise económica, PM eticamente vulnerável, ambiente hostil aos imigrantes. Juntem estes ingredientes, presentes nesta campanha, e descobrem o vencedor do ciclo que se seguirá a estas eleições

Fazer campanha é controlar a agenda. Nos primeiros dias, só com más notícias, foi Montenegro que o conseguiu. Foi obrigado a declarar à Entidade para a Transparência mais clientes da empresa que era apresentada, no início, como mero instrumento de gestão do património familiar. Dois deles reforçaram as relações com o Estado. Mas transformou isto numa polémica sobre a fonte de uma informação que é suposto ser pública há um ano. A história da Spinumviva ou o papel de Montenegro como advogado da Câmara de Espinho e a sua relação com a ABB são demasiado complicados para não cansarem o eleitor médio. Os que perceberam a sucessão de mentiras e meias-verdades que o primeiro-ministro foi contando confirmaram a sua opinião sobre ele, ficaram surpreendidos e integraram essa avaliação no voto ou decidiram ignorar, por acharem que valores mais altos se levantam. A maioria seguiu em frente, talvez um pouco incomodada, talvez concluindo que são todos iguais, talvez achando que ele está a ser perseguido. Muitos comentadores até acham que o assunto devia ser abandonado. Não deve, mesmo que o líder do PS não se possa agarrar a ele. Porque, mesmo que o dano já se reflita nas sondagens, esquecer a Spinumviva é, para além de ignorar a dimensão ética da política, permitir que Montenegro reconstrua a sua narrativa, apresentando-se como uma vítima empurrada para eleições.

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