O Governo acha que a comunicação com as populações não faz parte da gestão operacional de uma crise. Porque a vê como propaganda. O amadorismo da gestão de crise e da comunicação, evidente em vários episódios, só não foi trágico por ter durado pouco tempo. Graças à REN
O apagão pode servir para debatermos dependências energéticas, mas não vale a pena inventar défices de produção depois do encerramento das centrais a carvão. Na realidade, o blackout não tem responsabilidades nacionais. E é por isso que ninguém responsabiliza o Governo. Estranhamente, há quem o elogie pela rápida reposição de energia garantida pela REN. Nesta matéria, o Estado está condenado à passividade. Por isso, Montenegro fingiu ter decidido inserir as centrais do Baixo Sabor e do Alqueva na função de arranque autónomo, apesar de a REN já o ter contratado há quase um ano — também anunciou o pedido de uma investigação europeia obrigatória e automática. Se há coisa que o apagão nos mostrou foi a impotência do Estado perante a centralidade da rede de distribuição elétrica. É por isso que o RASI nos avisa para o risco de termos alguns atores económicos e políticos estrangeiros a controlar infraestruturas críticas e sectores estratégicos. É por isso que é extraordinário estarmos dispostos a gastar 4,4 mil milhões de euros anuais para nos defendermos de um exército na outra ponta da Europa, mas acharmos uma aventura gastar muito menos do que isso, de uma só vez e com retorno total em dividendos em menos de duas décadas, para resgatar uma infraestrutura que pode fazer colapsar o país e que tem como maior acionista da concessão o regime chinês. Mas também não foi por isto que ficámos sem eletricidade.
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