O britânico Rishi Sunak pediu desculpa por ter deixado a cerimónia do Dia D em França mais cedo para participar numa entrevista, o seu sucessor Keir Starmer pediu desculpa às vítimas do incêndio na London Grenfell Tower e os seus antecessores David Cameron e Gordon Brown, respetivamente, pediram desculpas às famílias dos doentes que foram sujeitos a anos de abuso e negligência no Hospital de Stafford e pelo envio de mais de 130.000 crianças para as antigas colónias, onde muitas sofreram abusos. O primeiro-ministro Fumio Kishida pediu desculpa às vítimas de uma antiga lei que levou à esterilização forçada de milhares de pessoas no Japão entre 1948 e 1996. Antes dele, Shinzo Abe, também pediu desculpa ao parlamento por um escândalo relacionado com o financiamento não declarado de eventos políticos organizados pelos seus apoiantes. Pedro Sánchez de Espanha pediu desculpas pelos erros cometidos no combate à Covid-19. Boris Johnson fez o mesmo no parlamento britânico. O chefe do executivo australiano pediu desculpa por estar de férias no Havai em plena crise de incêndios. O primeiro-ministro egípcio, Ahmad Chafic, pediu desculpa aos cidadãos pelos incidentes na praça Tahrir e declarou-se disposto a deslocar-se ao local para falar com os manifestantes antigovernamentais. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediu desculpa às forças armadas de Israel pelos ataques de 7 de outubro. Uma década antes, já tinha pedido desculpa ao colega turco Recep Tayyip Erdogan pela morte de nove turcos em 2010 durante o ataque de uma frota em Gaza. O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, pediu desculpa às famílias das vítimas de um acidente ferroviário que causou 57 mortos, o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, pediu desculpa, em nome do Governo, pela perseguição dos judeus no país durante a II Guerra Mundial e a sua deportação para campos de extermínio, o primeiro-ministro da Irlanda pediu desculpas às vítimas de abusos em conventos católicos, o primeiro-ministro belga pediu oficialmente desculpa pela morte do líder anticolonial Patrice Lumumba, a primeira ministra Jacinda Ardern da Nova Zelândia convocou uma conferência de imprensa para pedir desculpa pelo assassinato de uma turista britânica, o primeiro-ministro Narendra Modi pediu desculpa pela queda da estátua de Chhatrapati Shivaji Maharaj, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, apresentou um pedido de desculpas à Líbia pelos danos infligidos pela Itália durante o período colonial, a primeira-ministra finlandesa Sanna Marin pediu desculpa à nação (desnecessariamente) por ter dançado efusivamente numa festa, a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen pediu pessoalmente desculpa aos inuítes da Gronelândia que foram separados à força das suas famílias e transferidos para Copenhaga, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, não pediu desculpa ao país pelos seus inequívocos deslizes éticos nem encerrou a sua consultora, embora esse gesto – que humanizaria o chefe do governo e dignificaria o cargo – pudesse ter evitado eleições antecipadas e o deflagrar de uma nova crise política prejudicial aos interesses nacionais. No seu país, há tradição contrária. Pedro Passos Coelho pediu desculpas públicas por ter usado um dado que não estava confirmado sobre o incêndio de Pedrógão Grande, António Costa pediu desculpa pela “vergonha” dos envelopes com dinheiro em São Bento, José Sócrates pediu desculpa ao país por ter fumado no voo entre Lisboa e Caracas e por ter utilizado imagens não autorizadas de crianças na campanha eleitoral do PS. Há pedidos de desculpa formais, pedidos de desculpa públicos, pedidos de desculpa pessoais, pedidos de desculpa condicionais, pedidos de desculpa institucionais, pedidos de desculpa forçados. E há também pedidos de desculpa tardios. Este parece ser o único que resta a Montenegro.
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