Montenegro não combate a insegurança; fabrica-a. Cria um cenário onde o medo é a norma, porque sabe que um país com medo é um país que aceita tudo — até o inaceitável.
Luís Montenegro prefere esconder-se atrás da democracia do que governar com ela. Não governa com princípios, nem com factos, muito menos com pessoas. Governa com perceções. Para o Primeiro-Ministro, o que conta não é o que é justo, legal ou eficaz. O que conta é parecer que faz alguma coisa. O resto que se ajuste ao teatro.
É o governo do “parece que”. Parece que há segurança porque encostamos dezenas de pessoas à parede. Parece que o país está protegido porque colocamos trabalhadores imigrantes e minorias na posição de alvos fáceis. Parece. Só parece.
E Montenegro admite sem hesitação: encostar pessoas à parede é importante. Com esta declaração, o primeiro-ministro faz questão de nos recordar que o seu projeto de poder não tem espaço para subtilezas. Para Montenegro, não é preciso crime. Não é preciso investigação. Basta a perceção de que alguém – que coincidentemente nunca é alguém como ele – pode ser uma ameaça.
E aqui está a verdade: isto pode acontecer a qualquer um de nós. Hoje é no Martim Moniz. Amanhã pode ser em qualquer praça, rua ou estação de metro. Pode ser contigo, com a tua família, com os teus amigos. Porque, no fim, esta política não tem rosto, não tem alvo específico – tem apenas um objetivo: o medo.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt