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Opinião

O nacionalismo português é o pior, ou seja, o melhor

Entre o heróico mas trabalhoso e o fácil mas inútil, os nacionalistas portugueses escolhem sempre o fácil e inútil. Como qualquer bom português

O principal problema que se coloca aos nacionalistas portugueses é, provavelmente, o facto de o nacionalismo português ser de tão má qualidade. Noutros países, os nacionalistas são em maior número, têm mais influência, chegam a ganhar eleições. Em Portugal, no entanto, ninguém liga aos nacionalistas. A sua defesa dos portugueses não seduz os portugueses, o que é estranho. Em princípio, o amor a Portugal contaria com o amor de Portugal. Nos congressos internacionais de nacionalistas, imagino que os nacionalistas portugueses sejam populares. Os nacionalistas estrangeiros, que estão, como todos os nacionalistas, convencidos da sua superioridade, olham para os nacionalistas portugueses e confirmam-na. Mas, em território português, não deve ser fácil ser nacionalista. Os seus encontros de confraternização atraem menos gente do que um Varzim-Rio Ave — e com justiça, uma vez que o Dérbi do Mar costuma proporcionar bons espectáculos. O amor exacerbado a Portugal repele os portugueses. A culpa não é, evidentemente, de Portugal. É um país de qualidade muito razoável, com um clima convidativo, gastronomia excelente e uma língua belíssima. O problema é dos nacionalistas, que são fracos. Julgo que o natacionalismo, a crença de que a natação é superior aos outros desportos, consegue reunir mais adeptos do que o nacionalismo. Curiosamente, o facto de Portugal produzir nacionalistas pífios é um bom motivo de orgulho no país.

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