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Opinião

Israel e a morte de uma ideia de Ocidente

Israel põe em perigo existencial a ordem regulada que herdámos da II Guerra, de que, ironicamente, é tributário. Como é visto pelo Ocidente como símbolo de uma dívida histórica e como uma linha da frente numa suposta guerra civilizacional, o seu suicídio moral é, de certa forma, um suicídio moral do Ocidente

Israel nasceu com o apoio de progressistas, dirigido por homens e mulheres que sonharam viver numa pátria de liberdade e segurança. Mas a expulsão dos palestinianos passou a ser constitutiva da sua identidade. A Nakba tomou o lugar do Holocausto. O cerco aos palestinianos cercou os israelitas. “Os nossos corações endureceram e os nossos olhos enublaram-se”, escreveu o jornalista israelita Gideon Levy. Foram Hannah Arendt, Albert Einstein e Sidney Hook que, em 1948, escreveram que o partido que deu origem ao Likud era próximo, “na sua organização, métodos, filosofia política e apelo social, dos partidos nazis e fascistas”. E foi o Likud e seus aliados mais extremistas que acabaram por determinar aquilo em que Israel se transformou. Israel, a ideia generosa e fundadora de Israel, morreu. Foram os muros, os guetos e as purgas que o mataram. Com as suas contradições, o sionismo era um projeto emancipador. O que venceu recorda-nos que, sem limites, qualquer pessoa, povo ou Estado cometerá os piores crimes. Israel tornou-se numa das maiores deceções da humanidade.

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