Há problemas estruturais, mas a situação das urgências só se agravou porque a ministra entrou a partir tudo. O que Montenegro quer é que a oposição o salve da ministra que escolheu
Desde a pandemia, o “caos” de verão e de Natal nas urgências e nas maternidades foi central para a perceção do fim de ciclo político. Com a ajuda do ativismo do bastonário da Ordem dos Médicos, hoje deputado do PSD, as urgências fechadas eram o símbolo do estado do país e dos serviços públicos. Os problemas do SNS são estruturais e transversais ao resto da Europa. Com o aumento da esperança de vida e um desenvolvimento científico que cria novas expectativas, a pressão sobre o SNS é muito maior e a saúde custa, no público ou no privado, muito mais. Ou desistimos de garantir a todos o melhor do progresso em saúde ou desistimos do alívio geral de impostos, optando por distribuir melhor encargos fiscais crescentes. A isto junta-se o especial envelhecimento do país e as justas expectativas alimentadas pelo que já foi um dos melhores SNS da Europa. As coisas não estão bem, mas a sensação de caos é dada pelas urgências, e especificamente na obstetrícia. Temos falta de médicos, mas no ano passado bateram-se recordes de consultas, operações e atendimentos. Perante o aumento do investimento público e da despesa privada em saúde, é preciso racionalizar meios. Foi para isso que se criou a Direção Executiva do SNS.
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