Ontem fomos supreendidos com as críticas do Secretário-Geral do PS, Pedro Nuno Santos, ao estado em que os seus camaradas de partido deixaram o SNS. Durante vários anos o Governo do Partido Socalista geriu o SNS com uma agenda puramente ideológica, alheada da realidade, que conheceu críticas de todos os setores, inclusive do ex Ministro do PS Adalberto Campos Fernandes.
A covid-19 serviu de desculpa para muita coisa mas infelizmente a realidade tornou-se evidente.
Ao ver o Partido Socialista agora preocupado com as dificuldades do SNS permite-nos tirar duas ilações não necessariamente positivas: 1) verificar que finalmente acordaram para a realidade e deram conta que a sua herança é inaceitável; 2) afinal já sabiam e não têm um pingo de vergonha na cara para falar de um sector que tanto fizeram por degradar.
Importa recordar que uma das principais medidas de António Costa foi reverter a questão das 40 horas de trabalho e para a qual contou com a cumplicidade do BE e do PCP mas também do Presidente da República. Hoje todos sabemos que parte do desastre no SNS se deve a essa reversão. Depois despejaram dinheiro em cima do SNS e apesar do aumento da despesa e até das consultas não conseguiram otimizar a sua gestão de modo a acompanhar o crescimento da procura.
Alguns tentaram até enganar os portugueses com a ideia de que uma Lei de Bases para a Saúde iria resolver os problemas do acesso à saúde.
A correr, e já em final de mandato, recrutaram um Director Executivo de enorme credibilidade para tentar “salvar a honra do convento”. Mas as mazelas eram tantas e a herança de Temido e Costa eram tão graves que nem o melhor “médico” conseguiu salvar o paciente. As pretensas reformas terminadas à pressa como a criação de supetão das ULS, sem a devida preparação e sem cuidar da respectiva transição para este novo modelo se não agravaram a situação introduziram mais stress numa área crítica.
Na campanha eleitoral, Luís Montenegro prometeu apresentar em 60 dias um plano de emergência para inverter a situação no SNS, o que já fez. É preciso agora garantir que as medidas previstas neste plano entram em vigor ao longo dos próximos meses para vermos os seus resultados. Entretanto já se verificam resultados dos incentivos para a redução de listas de espera de cirurgias para doentes oncológicos e a ULS Santa Maria em Lisboa já abriu uma unidade especial para atender doentes menos urgentes e “aliviar” as suas urgências, que creio ser parte desse plano. Apesar disto, alguns menos honestos intelectualmente tentam fazer crer que Montenegro prometeu resolver os problemas do SNS em 60 dias, o que diz muito da sua seriedade, tentando confundir os portugueses com a promessa de apresentação do plano de emergência, que de facto já ocorreu.
Durante esta semana, e se todos forem coerentes, Pedro Nuno Santos terá a oportunidade de ouvir da boca das administrações das diferentes ULS que o Governo do Partido Socialista nomeou, umas melhores outras piores, que o SNS está um caos há já muito tempo, que a transição para o modelo ULS não foi bem preparada e que os seus camaradas Costa, Temido e Pizarro devem ser responsabilizados por toda esta situação.
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