Apesar de todas as dificuldades e heranças mal explicadas ou escondidas, o Governo liderado por Luís Montenegro cumpre os seus primeiros 100 dias com um inesperado currículo de assuntos resolvidos que há muito inquietava os portugueses.
Na verdade, os primeiros dias não pareciam famosos. Mas é justo que se diga que quando um Governo inicia funções precisa de tempo para se “arrumar”, para criar rotinas, processos e métodos de trabalho. Um governo é uma folha em branco, ao contrário de uma empresa ou uma qualquer instituição onde entram e saem pessoas, num Governo é sempre tudo novo. Novas equipas que se formam, pessoas que trabalham juntas pela primeira vez e gabinetes completamente vazios e computadores formatados à última hora.
O Governo de Luís Montenegro, além de não ter uma maioria clara, não teve nem período de preparação, nem estado de graça nem o tempo habitual para apresentar resultados. No dia a seguir, todos estavam a pedir soluções para problemas que duravam há anos. Quase nada parecia beneficiar este novo Governo e raros eram os que lhe vaticinavam algo de bom. Tirando os próprios e sobretudo Luís Montenegro, poucos acreditavam.
Hoje, passados pouco mais de três meses o Governo já resolveu o problema dos professores que durava há anos, conseguiu um acordo com as forças de segurança (PSP e GNR) que preocupava tudo e todos, chegou a acordo com os funcionários judiciais e guardas prisionais, aumentou o rendimentos dos mais idosos, decidiu definitivamente a localização do novo aeroporto, apresentou soluções para resolver o problema das migrações e as consequências do encerramento do SEF, fez uma reforma fiscal que beneficia os jovens, apresentou um plano para a saúde e um mega pacote de medidas para estimular o crescimento económico, relançou e mudou a estratégia para a habitação com propostas realistas, garantiu medicamentos gratuitos para os mais idosos, alargou a rede de creches gratuitas aos privados, entre tantas outras coisas que injustamente não consigo lembrar aqui.
Parece coisa pouca, mas passaram apenas três meses. Normalmente esse é o tempo que os governos costumam ter para organizar a casa e começar a apresentar medidas. Raramente um governo é tão escrutinado nos primeiros meses e jamais tantos ministros tinham passado pelo Parlamento ao fim de 100 dias. E, pelo que me lembro, raramente um Governo resolveu e decidiu tanta coisa em tão pouco tempo.
É caso para dizer que falta fazer muita coisa, mas Portugal parece estar no bom caminho.