Opinião

A escolha europeia

A escolha europeia

Duarte Marques

Ex-deputado do PSD

Apesar de todas as críticas que já fiz no passado ao ex-primeiro-ministro, não tenho dúvidas de que para Portugal será sempre melhor ter como Presidente do Conselho António Costa do que qualquer uma das restantes alternativas possíveis. Facilmente fará melhor que o atual, que, apesar das parcas responsabilidades do cargo, raramente se revelou competente

Os últimos dias têm ficado marcados pelo debate sobre a escolha dos melhores candidatos à liderança das diferentes instituições europeias após as recentes eleições para o Parlamento Europeu. A falta de acordo da última noite não nos deve preocupar porque, apesar da expectativa criada, é o habitual e esta reunião era apenas a primeira “troca de palavras” entre os Estados Membros. Acredito que teremos um acordo muito brevemente.
Para muitos será estranho que os principais partidos europeus discutam entre si os lugares cimeiros que estão disponíveis e que segundo os tratados e o interesse europeu devem ser preenchidos. Mas é mesmo assim, importa que essas lideranças espelhem os resultados das escolhas do povo europeu. Não se trata, como alguns pretendem fazer crer, um “arranjo” entre partidos, mas sim dar expressão à vontade dos europeus.
Obviamente que as posições são distintas e com missões diferentes. A liderança da Comissão Europeia compete, como mandam as regras, ao Partido mais votado pelos eleitores de todos os Estados Membros e neste caso é o PPE, a família política à qual pertence o PSD. Neste caso, e também por ser o mais importante e decisivo, a sua eleição ocorre por votação do Parlamento Europeu após uma exigente audição com todos os Eurodeputados.
Se a actual Presidente da Comissão for a indicada, tal como se prevê, então pode tornar-se no terceiro presidente da Comissão a fazer dois mandatos, tal só aconteceu com Delors e Durão Barroso.
O segundo lugar mais relevante parece ser a liderança permanente do Conselho Europeu, que, de acordo com os resultados, caberá aos Socialistas europeus, que assim deverão indicar o seu candidato a este órgão. Trata-se de um mandato de dois anos e meio e normalmente os partidos apresentam alguém com experiência de primeiro-ministro ou Presidente da República. Sendo eleito por maioria qualificada entre os membros do Conselho, ou seja, os 27 Chefes de Estado ou de Governo de cada Estado Membro.
Antonio Costa parece ser o mais forte candidato entre os Socialistas Europeus e ao que tudo indica será ele a escolha do seu partido para o Conselho. Normalmente os restantes países aceitam por consenso a escolha do Partido que teve direito a indicar. Foi sempre assim. Portanto, compete praticamente aos cinco representantes socialistas no Conselho (Malta, Dinamarca, Espanha e Eslováquia e Alemanha) escolher o candidato que representará o segundo partido mais votado na UE.

Apesar de todas as críticas que já fiz no passado ao ex-primeiro-ministro, não tenho dúvidas de que para Portugal será sempre melhor ter como Presidente do Conselho António Costa do que qualquer uma das restantes alternativas possíveis. Facilmente fará melhor que o atual, que, apesar das parcas responsabilidades do cargo, raramente se revelou competente.

Depois do brilhante mandato como Presidente do Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, maltesa do PPE, facilmente será reconduzida.
Numa fase tão crucial da política externa e de defesa europeia, espero que para “MNE europeu” seja feita uma escolha que rapidamente faça esquecer o mandato de Josep Borrell.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate