Opinião

Também podemos falar de saúde nas eleições europeias?

Também podemos falar de saúde nas eleições europeias?

Filipa Couto

Investigadora no Instituto de Comunicação da NOVA, especialista em comunicação em Saúde

As eleições europeias apresentam-se como uma oportunidade para escolhermos líderes comprometidos com o desenvolvimento de políticas de saúde abrangentes em toda a União Europeia e com a capacidade de comunicar essas políticas de uma forma eficaz e percetível por todos os cidadãos

Aproximamo-nos a passos largos do dia 9 de junho, dia em que somos chamados a eleger os nossos representantes nas eleições europeias, pelo que é fundamental refletir sobre a importância destas para o futuro de todos os cidadãos europeus. O Parlamento Europeu desempenha um papel central na formulação de políticas que afetam as sociedades como um todo. Entre essas políticas, destaca-se a questão incontornável da saúde pública.

Ao longo de décadas têm-nos dito que a saúde é um direito fundamental de todos os cidadãos europeus e que a sua proteção e promoção devem ser prioridades inegociáveis para os líderes que elegemos para nos representar. Contudo, esta proteção na saúde não pode ser dada como garantida automaticamente. É essencial que os nossos representantes se empenhem em políticas proativas e uma comunicação eficaz para informar, educar e envolver os cidadãos.

Os eventos pelos quais temos passado nos últimos anos, como a pandemia, têm revelado o papel fundamental da comunicação em saúde. Foi através desta mesma comunicação, umas vezes mais bem estruturada do que outras, e com muitas incertezas associadas a um vírus desconhecido, que foi possível transmitir informação sobre medidas de proteção, atualizações sobre vacinação, entre outras informações relevantes. Ou seja, nunca uma comunicação clara e precisa foi tão importante na gestão de uma crise em saúde e na mitigação dos seus efeitos tão dramáticos, como nesta altura.

Desta forma, o papel do Parlamento Europeu é duplamente crucial. Em primeiro lugar, é fundamental que desenvolva políticas que fortaleçam os sistemas de saúde de todos os Estados membros, garantindo acesso equitativo a serviços de saúde de qualidade e promovendo a investigação e a inovação no campo clínico. Em segundo lugar, há que comunicar essas mesmas políticas de forma acessível e compreensível a todos os cidadãos europeus. Só assim é possível haver pessoas informadas e capazes de tomarem as melhores decisões sobre a sua saúde.

Sabemos que a comunicação em saúde é muito mais do que transmitir informação. A comunicação em saúde é construir pontes de confiança entre governantes e governados, é dotar as pessoas de informação e envolvê-las nas decisões que afetam a sua própria saúde e bem-estar, para que possam apoiar as políticas e cooperar de forma ativa na concretização dessas mesmas políticas.

Ao elegermos os nossos representantes para o Parlamento Europeu devemos considerar quais as ideias apresentadas e a capacidade dos candidatos de influenciarem outros deputados para políticas de saúde que promovam reformas importantes nos sistemas de saúde, onde a comunicação e a literacia devem ser os pilares que sustentam toda a estrutura a bem dos cidadãos.

É importantíssimo que saibamos escolher líderes que reconheçam a relevância da saúde como uma questão primordial da agenda política europeia e que estejam comprometidos em assegurar que todos os cidadãos tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade, bem como a informações precisas e confiáveis para proteger a sua saúde e a das suas comunidades.

Nestas eleições europeias votemos com consciência coletiva, a fim de protegermos a saúde e o bem-estar de todos os cidadãos europeus, elegendo representantes que nos ajudem a construir um futuro mais saudável e próspero em toda a Europa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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