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Opinião

Na zona cinzenta

O facto de um dos principais protagonistas da ofensiva ultraconservadora, transformada em guerra cultural, ser quem se distinguiu como jovem promessa liberal mostra como o vento mudou. Fora da tática eleitoral, não há cordão sanitário, há uma enorme zona cinzenta. A direita não pode ser salva por outros. Tem de fazer o seu combate interno

O livro “Identidade e Família” juntou a nata do ultraconservadorismo. Na introdução, explica-se que a família tem estado sob ataque na escola e nas leis. Curiosamente, é quem põe em causa que haja uma família “natural, universal e intemporal”, aceitando a diversidade, que é acusado de impor o “pensamento único”. João César das Neves explica que a ideia de que as mulheres tenham sido discriminadas ao longo da história é “estranha” porque “essas senhoras, alegadamente tiranizadas, nunca se queixavam ou manifestavam o seu desagrado”. De resto, é o habitual desfilar dos delírios sobre a “ideologia de género”, uma “corrente de pensamento” que tem a particularidade de só existir para os seus detratores. Nada disto teria importância se não tivesse sido apadrinhado por Passos Coelho, uma das figuras mais determinantes para a chamada direita moderada.

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