As forças armadas são entendidas como uma espécie de escuteiros profissionais, para proporcionar aos recrutas uma temporada agradável, de alegre camaradagem e são convívio
Tal como muitos velhos da sua geração, a minha avó tinha uma solução para todos os problemas do mundo, que consistia em obrigar os vagabundos a pegar numa enxada. “Vagabundos” era a designação de todos os habitantes do planeta, com a excepção de mim e dela. Às vezes, só dela. Outras pessoas costumam fazer uma proposta ligeiramente diferente: isto só vai lá se os vagabundos pegarem numa G3. A ideia não é formulada nestes termos, claro. O que se diz é que o serviço militar obrigatório tem propriedades medicinais, uma vez que incute nos mancebos um sentido cívico superior ao que teriam se não passassem pela experiência edificante de viver alguns meses numa caserna. De acordo com esta perspectiva, o serviço militar obrigatório não serve para suprir uma necessidade do Estado, é um modo de completar a formação dos jovens. Trata-se de um benefício para o cidadão, que se transforma naquilo que se costuma designar por “um homenzinho”. As próprias forças armadas são entendidas como uma espécie de escuteiros profissionais, cujo objectivo é proporcionar aos recrutas uma temporada agradável, de alegre camaradagem e são convívio.
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