Naturalmente, valores mais elevados de crescimento económico – via reformas estruturais, que demoram algum tempo a produzir efeito – e nível de vida não apenas ajudam a reduzir a pobreza de forma direta, mas também se traduzem em receitas fiscais adicionais capazes de financiar um Estado Social mais desenvolvido e apoiar a franja da população em que ainda persistam as dificuldades
Seria de esperar que o modelo de redistribuição dos últimos oito anos tivesse alguns resultados para apresentar em matéria de redução de pobreza e desigualdade. No entanto, o que se verifica é que os resultados são muito escassos no comparativo europeu, apontando para a necessidade de uma reforma imediata dos apoios sociais para que sejam mais efetivos, em complemento a políticas promotoras do crescimento económico, que deve ser o principal ‘motor’ para, a prazo, retirar as pessoas da pobreza.
A percentagem de população em risco de pobreza diminuiu em Portugal desde 2015, de 26,4% nesse ano para 20,1% em 2022 (o último ano com dados, do Eurostat), mas essa descida foi a quinta menor na União Europeia (UE), ajudando a explicar que continuemos na metade de países com piores resultados, refletindo níveis de pobreza ainda intoleravelmente altos em termos absolutos e relativos.
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