Se, desta vez, o PSD cumprisse o choque fiscal e ele não resultasse num milagre económico que quase duplicaria o nosso melhor crescimento no euro, como resolveria o rombo de 5 mil milhões de euros anuais? Ficariam de fora os aumentos aos funcionários do Estado que promete, como Montenegro explicou no último debate
O mote de toda campanha do PSD foi um enorme “choque fiscal” que levaria a um crescimento extraordinário. Não estou a falar de 2024, mas de 2002, que uma das poucas vantagens da idade é a memória, enquanto a temos. Quando chegou ao governo, e dessa vez não havia a troika para justificá-lo, Durão Barroso inventou um país de tanga e conseguiu o feito extraordinário de deixar o país em austeridade e consequente recessão no momento em que a Espanha, o nosso principal parceiro comercial, crescia 3%. Miguel Frasquilho, mentor do “choque fiscal”, foi nomeado secretário de Estado do Tesouro, acabou a aumentar os impostos que tinha prometido descer de forma radical. O IRC permaneceu inalterado, o IRS não desceu uma palha e o IVA aumentou de 17% para 19%. Terminado o seu ciclo no Governo, Frasquilho pediu desculpas por terem desiludido os portugueses. Durão Barroso, esse, acabou por fugir para Bruxelas e regressou agora para dar lições de como bem governar.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: danieloliveira.lx@gmail.com