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Opinião

Imagine um cenário em que não se fala de cenários

Quem acusava Pedro Passos Coelho de ser polarizador enganou-se. Ele uniu a direita e a esquerda

A melhor maneira de compreender a campanha eleitoral é fazer o seguinte exercício de imaginação: suponha que, amanhã, tem de ir à praça comprar mantimentos. Em vez de elaborar uma lista com as suas necessidades (por exemplo: peixe, carne, hortaliça), entretém-se a escrever que adquirirá robalo, a menos que os chocos estejam mais frescos, caso em que trará também batatas, a não ser que a hortaliça seja de cultivo biológico, cenário que, a verificar-se, levará a que as batatas sejam preteridas, e consequentemente os próprios chocos sejam relegados para segundo plano, uma vez que fará mais sentido optar por carnes e fazer um cozido. As combinações são tantas e tão intrincadas que o mais provável é que a visita ao mercado dure duas semanas, e a redacção da lista de compras dure um mês. A campanha tem sido passada a discutir mais a eventual votação de cada um dos partidos do que as eventuais razões para votar em cada um dos partidos. Tem havido menos propostas políticas e mais propostas de casamento.

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