Virá o dia em que, através de algum pseudónimo, Ventura divulgue um sondagem feita lá em casa. E, pequeno truque com a cauda de fora, será entendido como coisa normal nos tempos que corre
O jogo das sondagens vai ser uma das peças da campanha eleitoral, como aconteceu nas últimas eleições legislativas, em que o seu enviesamento, propositado ou não, contribuiu para enganar um número suficiente de eleitores a ponto de determinar o resultado final. Mesmo admitindo que empresas certificadas tenham agora a preocupação de não repetirem erros que danifiquem o seu prestígio profissional, ou de não se subjugarem a interesses partidários, ainda assim a multiplicação de informações contraditórias e confusas, ou de fontes espúrias, será um dos canais de transmissão de mensagens de bolha e de estratagemas de engano. Já foi assim em todos os grandes falhanços das sondagens (eleições norte-americanas de 2016, Brexit, etc.), e sê-lo-á muito mais agora, quando as redes sociais se habituaram à circulação de informações nem verificadas nem verificáveis e a exigência da verdade é desvalorizada pela mistura tóxica de entretenimento, trivialidades e discursos de ódio. O nevoeiro é o lugar dos bufões e a bufonaria é a característica principal da reorganização das direitas neste seu momento de esplendor, desde que Trump inaugurou o tempo de vitórias dos Bolsonaros, Milei, Meloni, Le Pen e outra gente do mesmo calibre, e será assim que farão as suas campanhas.
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