Green Friday? Só se for coerente!

Atualmente já se começa a ver um crescendo no movimento Green Friday, que visa apelar à sensibilização para o tema do consumismo e incentivar à redução do mesmo. O movimento surge por nesta altura de festividades se verificar sempre um aumento não só do consumo em excesso, mas também do desperdício alimentar. No entanto, é perfeitamente compreensível que num país com reduzido poder de compra como Portugal faça todo sentido as famílias esperarem por uma altura de baixas de preço para efetuarem algumas compras que, na verdade,

Atualmente já se começa a ver um crescendo no movimento Green Friday, que visa apelar à sensibilização para o tema do consumismo e incentivar à redução do mesmo. O movimento surge por nesta altura de festividades se verificar sempre um aumento não só do consumo em excesso, mas também do desperdício alimentar. No entanto, é perfeitamente compreensível que num país com reduzido poder de compra como Portugal faça todo sentido as famílias esperarem por uma altura de baixas de preço para efetuarem algumas compras que, na verdade, são consideradas de primeira necessidade.

Existe, porém, muitas situações em que não é esse o caso e que simplesmente as pessoas se deixam levar pela pressão social e pelo marketing. O movimento Green Friday tenta combater este fenómeno, apelando à compra consciente, de pequenos fornecedores, de comércio local, sem excessos. Apelando também à adoção de comportamentos mais conscientes como a reutilização e também ao facto de que os feriados são uma altura para celebrar com os nossos entes queridos e não para comprar mais daquilo que não precisamos.

Este ano, contudo, tenho vindo a verificar campanhas que me têm feito alguma confusão. Nomeadamente campanhas de incentivo à compra de árvores para plantar. Quem me conhece sabe que sou a primeira pessoa a dizer que plantar árvores é estritamente necessário no nosso país. No entanto, considero estas campanhas algo incoerentes quando o elefante na sala é claramente a falta de legislação no que diz respeito ao corte de árvores e destruição de florestas, por vezes até em áreas protegidas tal como temos vindo a verificar na Serra da Lousã e no sucedido referente à construção do Data Center em Sines que atualmente se encontra em investigação pelo Ministério Publico no âmbito da Operação Influencer.

Continuarei a incentivar à plantação de árvores, seja qual for a situação, mas admito que neste caso me fez lembrar aquelas campanhas que só se lembram dos mais necessitados no dia de Natal. Não é na Green Friday que vamos conseguir salvar o país deste fenómeno devastador, mas sim, acho que seria um melhor uso dos nossos recursos tentarmos coletivamente informarmo-nos e refletir sobre a legislação atual, com vista à reversão da situação das nossas florestas. Enquanto for permitido o corte à discrição de árvores de grande porte que poderiam ser transplantadas para outro local, o desmatamento desenfreado e não houver punições neste sentido, continuaremos a caminhar para um cenário de desflorestação à semelhança dos exemplos negativos que vemos noutros países.

Deixo a minha reflexão acerca da Green Friday e recordo as nossas florestas precisam de nós o ano todo, assim como o consumo consciente. Podemos também aplicar estes conceitos nas festividades que aí se avizinham de que o essencial é estarmos juntos com os nossos entes queridos e celebrarmos a vida de todos nós. Um feliz Dia de Ação de Graças a quem o celebra e Boas Festas a todos!