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Opinião

O rigor nas palavras e o combate ao antissemitismo

“Quando ouvirem falar mal dos judeus, agucem os vossos ouvidos, está-se a falar de vós” Frantz Fanon in “Pele Negra, Máscaras Brancas”, 1952

O pogrom perpetrado pelo Hamas em 7 de outubro já é hoje ele próprio contexto, mas nunca me ocorreria justificar com ele a guerra, morte e destruição em Gaza. O uso do contexto e da adversativa — tão em moda, para justificar o morticínio — poderia ser: o contexto é o 7 de outubro, ‘mas’ há muitas formas de conseguir o desejável fim do Hamas, sem nunca esquecer o combate por dois Estados na região.

2. Ligadas à questão contextual enquanto justificação estão os exercícios de comparação e de definição dos termos. Comparar — confrontar algo com outra coisa para determinar diferenças, semelhanças ou relações mútuas — desrespeita frequentemente a dor específica de cada grupo, sem ter em conta que, para palestinianos e israelitas, o sofrimento não é vivido de forma equivalente, tendo cada um dos povos a sua memória própria relativamente à nakba ou à shoah. Mais do que assinalar semelhanças, há que distinguir: entre o Hamas e os habitantes de Gaza; entre o Governo e extremistas de extrema-direita de Netanyahu e israelitas e judeus da diáspora de esquerda pacifistas e defensores de dois Estados viáveis na região.

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