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Opinião

Como sobreviver à nova etiqueta de ginásio

Fazer exercício e estar ao telemóvel é a regra. O fitness nunca foi tão sexualizado. Nada de olhar

Há coisa de uma década, os ginásios ainda lutavam para convencer os seus clientes a deixar os telemóveis nos cacifos. Havia mesmo um sinal de proibido, e quem arriscava a atender uma chamada era olhado com reprovação. No ginásio, desligava-se. Essa ideia é hoje absurda. Clientes do sexo feminino fazem scroll no TikTok enquanto fazem máquinas de pernas; indivíduos escrevem mensagens sentados entres repetições de pesos. O telemóvel está ali ao lado da garrafa de água e da toalha. Outros, ainda, andam por entre as máquinas e congelam subitamente porque decidiram responder a qualquer coisa no telemóvel. A grande maioria tem fones enfiados nos ouvidos — podem estar a ouvir música, podcasts ou, o mais irritante, a aproveitar para pôr em ordem chamadas telefónicas, o que faz com que olhem para o vazio e falem sozinhos. Alto — se o som ambiente também o for. Acompanho as transformações da chamada “cultura de ginásio” porque são os locais que frequento quase diariamente, dado que trabalho em casa há 20 anos (agora, já sabem como é) — e se não for um de nicho (VIP, ou de uma moda desportiva particular), o ginásio consegue ser razoavelmente interclassista e intergeracional, e aqui em Lisboa um caldo multinacional, um laboratório comportamental. Já por que raio não tenho um corpo de deus grego com tanto treino são outros quinhentos.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

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