Netanyahu sente-se hoje o deus da guerra, dispensando qualquer tentativa de embelezar a sua vingança mortal com um discurso de comiseração pelas vítimas
A agressividade do Governo de Netanyahu, pela voz dos seus diplomatas e ao mesmo tempo que continua a terraplanagem bombista do Norte de Gaza, é muito esclarecedora de como entende que encurralou o mundo. A parte verbal dessa intensidade, que será a menos ofensiva, manifestou-se contra Guterres, exigindo a demissão do secretário-geral da ONU. O Governo israelita sabe que tal nunca ocorreu nem ocorrerá e, no entanto, sente-se confortado nesta cavalgada contra a ONU; já o mesmo embaixador tinha insultado Guterres por, ao querer abrir os portões daquela prisão para levar medicamentos e água, estar a “alimentar terroristas”. O tom desembestado seria de comício, mas agora subiu uns decibéis e passou a clamar pela demissão pelo facto de ter sido recordado que Israel nunca cumpriu as resoluções da ONU. Ao lembrar estes factos, o secretário-geral da ONU limitou-se à sua obrigação, aplicar a única forma reconhecida de direito internacional nestes casos. No entanto, o embaixador recebeu instruções para provocar uma escalada de incidente diplomático que nenhum outro país se atreveria a fazer. Netanyahu sente-se hoje o deus da guerra, capaz de transformar o apartheid numa zona de terra queimada, dispensando qualquer tentativa de embelezar a sua vingança mortal com um discurso de comiseração pelas vítimas. Matar, é o que repete.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt