É um tempo sombrio em que a defesa da paz fica resumida a Guterres e ao Papa, ambos sem poder, e a iniciativa da guerra é capturada não só pelos seus generais como por uma raivosa trupe de vingadores de sofá. Entendamo-los bem: eles estão a dizer-nos que a humanidade é um pseudónimo da barbárie e querem que nos habituemos à irracionalidade
Animalizada ou tratada como inominável, a população palestiniana sofre um duplo cerco: o do manto de bombas que dia a dia vai destruindo Gaza e o silenciamento hipócrita dos que assinaram a autorização para a matança. António Guterres é insultado como sendo amigo dos terroristas por um exaltado embaixador israelita que o acusa do crime de querer levar ajuda humanitária a hospitais; Biden dá luz verde a uma operação de extermínio e só pede que seja feita devagar; Scholz, Macron e Sunak, três governantes aflitos nos seus países (o pobre Zelensky foi impedido de vir a uma cerimónia idêntica, não fosse pedir mais armas), fazem fila para cumprimentar Netanyahu, para quem tudo isto se resume a escapar da prisão por corrupção. E o Hamas festeja a sua vitória política, com cada bomba sobre Gaza reforça a sua liderança na região.
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