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Opinião

Escrevo-vos de Israel

Escrevo-vos de Israel

Bernard-Henri Lévy

Filósofo e ensaísta, colaborador regular do Expresso

O Hamas, mesmo que não disponha sozinho dos meios para o fazer, disse aos descendentes dos sobreviventes da Shoah: “não há lugar na terra onde estejais a salvo dos herdeiros dos assassinos egípcios, assírios, romanos, medievais e depois hitlerianos”

É um 11 de setembro que perdura.
Um Bataclan com mísseis disparados de um estado minúsculo vizinho.
É um pogrom árabe com cenas que fazem lembrar o tempo do Grande Mufti al-Husseini, pró-Hitler.
E nenhum argumento no mundo pode justificar, relativizar ou contextualizar este crime.
E porquê?
Porque, em primeiro lugar, não há razão para raptar agentes, executar velhos e crianças à queima-roupa, despir uma mulher, ultrajá-la, espancá-la até à morte e depois atirá-la, ensanguentada, para uma carrinha como se fosse uma razzia antiga.
Porque não há circunstâncias atenuantes para os esquadrões de morte que se filmam a lançar-se sobre uma festa rave, a assassinar 260 jovens e a fazer outros reféns.
E porque encontrar justificações para isto, com o argumento, como alguns dos Insoumis de Jean-Luc Mélenchon, de que esta selvajaria seria uma resposta a uma opressão ou humilhação anteriores, reproduz uma sordidez que é tão antiga como o antissemitismo e que se resume sempre a dizer que os judeus são, no fim de contas, responsáveis pela sua desgraça.
Mas há uma segunda razão que nos impede de entrar nas razões deste pogrom.
É o facto dos assassinos, que entraram nas cidades israelitas como lobos, não terem qualquer razão própria e não lhes interessar o que qualquer governo israelita possa ter dito ou feito.
Durante dezoito anos, não tiveram no seu território a menor força de ocupação, não tiveram qualquer reivindicação territorial a apresentar, qualquer objetivo de guerra a opor.

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