Na edição da semana passada não acompanhei os textos de desagrado com as ativistas que atiraram tinta verde ao ministro do Ambiente. Gostava de furar o cerco, até porque elas voltaram à carga com assinalável coragem física. Atrevendo-me a ocupar a cadeira do leitor futuro, é-me evidente a desproporção entre a indignação com os protestos e a motivação dos protestos. Discordo do meio usado com o ministro. Há uma fronteira intransponível no respeito pelo corpo dos outros. Só que estas ativistas — todas jovens, quase todas raparigas — não foram apenas criticadas quando ultrapassaram a linha da ofensa à integridade física. Foram-no quando ocuparam escolas, atiraram sopa para um acrílico de um quadro sem o danificar, mancharam um vidro na FIL, cortaram estradas — gesto que se achou aceitável contra o aumento de portagens. Tirando o recurso ao TEDH, qualquer radicalidade subversiva — sem a qual as sociedades definham — para assinalar o tema mais dramático que a Humanidade já enfrentou é vista como ilegítima.
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