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Opinião

“Faz parte”

“Faz parte”

É difícil não vacilar nos princípios quando a causa é a sobrevivência da Humanidade. Há uma radicalidade intrínseca à emergência climática. Se nenhuma luta foi tão importante, tudo é aceitável em seu nome? Não. Mas tem de haver, quando julgamos os protestos, moderação na ponderação dos princípios

Na edição da semana passada não acompanhei os textos de desagrado com as ativistas que atiraram tinta verde ao ministro do Ambiente. Gostava de furar o cerco, até porque elas voltaram à carga com assinalável coragem física. Atrevendo-me a ocupar a cadeira do leitor futuro, é-me evidente a desproporção entre a indignação com os protestos e a motivação dos protestos. Discordo do meio usado com o ministro. Há uma fronteira intransponível no respeito pelo corpo dos outros. Só que estas ativistas — todas jovens, quase todas raparigas — não foram apenas criticadas quando ultrapassaram a linha da ofensa à integridade física. Foram-no quando ocuparam escolas, atiraram sopa para um acrílico de um quadro sem o danificar, mancharam um vidro na FIL, cortaram estradas — gesto que se achou aceitável contra o aumento de portagens. Tirando o recurso ao TEDH, qualquer radicalidade subversiva — sem a qual as sociedades definham — para assinalar o tema mais dramático que a Humanidade já enfrentou é vista como ilegítima.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: danieloliveira.lx@gmail.com

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