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Opinião

Era preciso explicar

Era preciso explicar

Sebastião Bugalho

Eurodeputado eleito pela AD

O homem de Espinho parece esquecer um dos erros do seu antecessor mais recente: para alguém votar no PSD, convém que o PSD não se envergonhe daquilo que é

De uma assentada, Luís Montenegro pôs termo a dois tabus que atormentavam o seu mandato desde que assumiu funções. O descongelamento da carreira dos professores, propondo agora uma recuperação integral, ainda que faseada, de todo o tempo de serviço. E as alianças com o Chega, rejeitando-as finalmente e em absoluto. A renúncia à ambiguidade com que lidava com ambas as questões tem um significado político consequente. Montenegro não o fez por acaso. Trata-se de uma busca de oxigénio, com sondagens menos felizes como uma das causas desse sufoco.

Independentemente da posição que se advogue sobre o respetivo dilema — dos professores à extrema-direita — há uma leitura sobre o modo como Montenegro anunciou a sua. A demarcação definitiva de André Ventura encerra um caminho percorrido desde o congresso do Porto (com um ‘nunca’ a políticas populistas), que passou por uma entrevista a Maria João Avillez (com um ‘nunca’ a políticos populistas) e culminou neste “não é não” ao Chega. Um posicionamento indeterminado — o nim — seria considerado calculista. Um mais frontal, rejeitando linhas vermelhas no objetivo de remover o PS do poder, seria acusado de sofreguidão e imoderação. O escolhido — o “nunca” — limita-o conforme o resultado, mas liberta-o até lá.

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