Mikhail diz que a Côte d’Azur foi tomada pelos russos. Comprada
Estávamos no alto da colina, junto ao muro donde se avista a baía do Mónaco, com os prédios encavalitados entre a França e a Itália, as janelas expedindo os raios refletidos do sol, os iates do tamanho de brinquedos e a piscina onde os meninos felizes aprendem a nadar. O Mónaco não é bem um país, é um paraíso fiscal no meio da Europa, perto de tudo. Ali moram multimilionários, sombrios uns, criminosos outros, campeões de ténis e de Fórmula 1, aristocratas com títulos esquecidos e fundos suficientes para o apartamento com vista de mar, aquilo que os americanos chamam eurotrash, e uns 8 mil monegascos. Os cidadãos do Mónaco, uma minoria inamovível com direito ao Estado social mais generoso da Europa. Belíssima escola pública, sistema de saúde de cinco estrelas, emprego garantido, casas que custam €600 por mês em vez dos €20 mil do costume, e com garagem, não há superfície para estacionar. Mais um passaporte inócuo e, evidentemente, a vista para a esmeralda translúcida do Mediterrâneo. A cidadania não se transmite, ou se nasce no Mónaco de cidadãos do Mónaco, ou se completa matrimónio com um cidadão do Mónaco e se espera um ror de anos pela acessão à cidadania. Os monegascos estão proibidos de entrar no casino. O risco não é a sua profissão.
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