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Opinião

Ontologia do almoço de trabalho

Em Oeiras, a ostra é de tal modo abundante que está ao preço da chuva. Os ricos deliciam-se com massa de atum, os pobres comem ostras, que se lixam

Segundo a revista “Sábado”, a Câmara Municipal de Oeiras, presidida por Isaltino Morais, gastou 139 mil euros em 1441 almoços de trabalho em seis anos. Como sempre, a atenção dos jornalistas virou-se para o custo das refeições e para a composição da ementa, que incluía lavagante, ostras, lagosta, camarão-tigre e champanhe. No entanto, o essencial da notícia são dois ou três aspectos que passaram despercebidos. O primeiro é o conceito de “almoço de trabalho”, uma instituição que costuma ser olhada com imerecido desdém. Normalmente, entende-se que o “almoço de trabalho” tem muito menos de trabalho do que de almoço, mas tomemos como exemplo um dos almoços de trabalho da Câmara de Oeiras: 197 euros gastos em entradas, 105 em gambas, 228 em santola, 204 em lagosta, 228 em carne e 345 em vinho. Parece-me evidente que se trata de um almoço de trabalho, no sentido em que os participantes foram mesmo obrigados a trabalhar durante o almoço, uma vez que depois de uma refeição destas ninguém trabalha de certeza. Ou se trabalhou durante, ou já não se trabalhou mais.

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