Opinião

Anuário do futebol profissional 2021-22: o regresso a um novo normal

Anuário do futebol profissional 2021-22: o regresso a um novo normal

Miguel Farinha

Sócio da consultora Ernst & Young

Depois do impacto de dois anos de pandemia, a consultora E&Y, numa parceria com a Liga Portugal, faz a análise dos negócios em torno do futebol português e não se limita aos dados económicos

A EY (antiga consultora Ernst and Young) apresentou, no evento do Thinking Football, a 6.ª edição do Anuário do Futebol Profissional Português, produzida em parceria com a Liga Portugal. Este documento retrata uma época marcada pelo regresso do público aos estádios e pela fantástica performance das sociedades desportivas portuguesas nas competições europeias.

Na época 2021-22, o Futebol Profissional Português registou um volume de negócios de €917 milhões, tendo contribuído diretamente para o PIB com €617 milhões (0,3% do total). Este valor corresponde a um aumento de 13% face à época anterior, ultrapassando largamente os valores pré-pandemia.

As 34 sociedades desportivas da Liga Portugal bwin e Liga Portugal SABSEG e a Liga Portugal entregaram €214 milhões de impostos, um aumento de 12% face à época anterior. A indústria gerou 3.595 postos de trabalho, com mais de 1.465 jogadores, 335 treinadores e 1.795 funcionários.

Apesar do crescimento evidenciado, é fundamental que estes valores não descurem três aspetos que podem abalar o crescimento sustentável do Futebol Profissional Português: a dependência de um saldo de transferências positivo para o equilíbrio financeiro das sociedades desportivas, a dependência das receitas de competições Europeias, que são altamente instáveis, e o desequilíbrio, cada vez maior, de receitas entre sociedades desportivas.

Para além da análise económica, foram abordados 11 temas quentes da indústria, agrupados em cinco grandes eixos: sustentabilidade económica, envolvimento do adepto, o reposicionamento e a competitividade do Futebol Profissional Português e as competições. Destes 11 temas quentes, destaco dois.

Após anos de enorme impacto da pandemia, a assistência no estádio e o envolvimento do adepto são áreas de foco. A época 2021-22, apesar de ainda ter contado com algumas restrições devido à pandemia, já pôde contar com público nas bancadas. Com o regresso de um público agora mais exigente, é crucial disponibilizar infraestruturas capazes de suportar os requisitos físicos e tecnológicos dos adeptos. Assim, a renovação das infraestruturas é fundamental para aumentar a baixa ocupação dos estádios.

Destaco também a eLiga e o crescimento dos eSports. As novas tecnologias oferecem novas dimensões ao ecossistema do futebol e os eSports assumem uma posição de destaque. Em 2021, existiam cerca de 474 milhões de espectadores, com as receitas a ultrapassarem mil milhões de dólares. Dado o crescimento histórico e potencial, a Liga Portugal lançou três competições - eLiga Portugal, Taça eLiga e Supertaça eLiga. Esta época, a eLiga Portugal contou com o maior prize pool da história do futebol virtual nacional, cerca de 50 mil euros.

Estes e os outros temas destacados no Anuário marcam o futebol hoje. O Anuário tem o papel de sistematizá-los num único documento, de simples leitura, e dar-lhes visibilidade. É um documento que, fruto do crescimento, internacionalização e profissionalização da indústria se torna cada vez mais relevante, sendo um prazer produzi-lo, pela sexta vez, em parceria com a Liga Portugal.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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