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Opinião

Não há pessoas inquestionáveis, nem mesmo Cristiano Ronaldo

Ronaldo esteve na berlinda nesta crónica apenas para dar suporte à ideia central a sublinhar: não há pessoas inquestionáveis, muito menos quando se trabalha em equipa. Se é saudável aplaudir méritos e reconhecer conquistas, tal não deve turvar a objetividade na apreciação do desempenho presente

Em junho de 2017, um mês depois de vencer o eurofestival, o músico Salvador Sobral participou no concerto de solidariedade para com as vitimas do incêndio de Pedrogão Grande. O “festival da canção” tornara-o conhecido de todos os portugueses e transformara-o numa quase estrela pop, o que chocava com as suas aspirações a músico erudito. Salvador Sobral atingira então o estatuto de “famoso”, qualificativo vago que o deixava desconfortável. Foi certamente este desconforto que levou-o a admitir que, naquela noite, o público aplaudiria qualquer coisa que fizesse: “vou mandar um peido a ver o que acontece”, afirmou.

A tirada, de gosto duvidoso, caiu mal mas não deixou de transportar uma constatação verdadeira. Tendemos coletivamente a desvalorizar revezes e a desculpabilizar erros a quem está em estado de graça. O mesmo, acrescento, para o oposto: quando alguém cai em desgraça, terá muito trabalho para conseguir demonstrar as suas qualidades. Atingido um determinado estatuto, independentemente do esforço e mérito para o alcançar, o rótulo torna-se mais relevante que o conteúdo.

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