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Opinião

Conheço uma pessoa

Conheço uma pessoa

Clara Ferreira Alves

Escritora e Jornalista

A democracia liberal avançou para o século XXI sem cuidar de saber se na cauda da fila havia gente que não conseguia caminhar ao mesmo ritmo e ia cambaleando e morrendo pela beira da estrada

Conheço uma pessoa que vive num prédio desgrenhado dos subúrbios de Lisboa. Não o subúrbio duro dos arrabaldes de Sintra e da Amadora, cidades que criaram os próprios subúrbios, uma zona periférica a resvalar para as cercanias. Não é assim tão longe do centro, com acesso dificultado pela irracionalidade logística dos transportes públicos. A pessoa recebe uma reforma que junta a uma pensão de sobrevivência, tudo não chega a mil euros. Nem perto disso. Estando numa idade avançada e vivendo sozinha, quase não sai de casa nem gasta um cêntimo. Usa o SNS, que a deixou tanto tempo sem tratamento de doença que ia ficando cega. Tudo a enerva, vive no terror dos acontecimentos inesperados. Que julgava acalmados a seguir à covid. É uma existência de amargura e sacrifício.

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