30 setembro 2022 0:03
É um plebiscito a Bolsonaro, que tem uma taxa de rejeição muito superior à de Lula. Mas a democracia está por um fio e não chega uma derrota. Ela tem de ser clara e já no domingo, de preferência
30 setembro 2022 0:03
No dia em que aproveitou o bicentenário da independência para fazer um comício em Brasília, Bolsonaro organizou outra ação no Rio de Janeiro, com as suas habituais “motociatas”. Ao lado, nas janelas de um autocarro urbano vindo dos bairros pobres de Jacaré, na Zona Norte, os passageiros gritavam por Lula. A imagem, que se espalhou nas redes, não demonstra nada. É só ilustrativa: segundo as sondagens, Lula tem mais do dobro de intenções de voto do que Bolsonaro nos que recebem menos de dois salários mínimos, que são a maioria dos brasileiros. A diferença abissal só é temperada pelos evangélicos, mas reforçada por mais apoio das mulheres. Como previu Joaquim Nabuco, no final do século XIX, e Caetano Veloso cantou, “a escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil”. Ela marca uma desigualdade que se manifesta não apenas na violência da rua, mas na impiedosa violência das suas elites económicas. Há uma cascata de desprezo, em que o rico despreza a classe média, a classe média despreza os que encheram as universidades e os aeroportos no tempo de Lula, estes desprezam os pobres e todos desprezam os “bandidos” das favelas. Foi esta corrente de desprezo que Bolsonaro usou em seu favor.