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Opinião

Pontue a verdade. Se não gostar, damos-lhe outra

Segundo o "Guardian", o "Telegraph" equaciona vincular parte do salário dos jornalistas a cliques e assinaturas. O critério do jornalista não será o da verdade e da relevância. Quem perderá tempo a tratar de temas complexos e aborrecidos? O interesse público norteia o jornalismo, o interesse do público norteia o comércio. Passámos de uma economia de mercado para uma sociedade de mercado. Quando a ética do mercado passa a ditar a verdade, se ela não vende, não interessa. Se nos incomoda, dão-nos outra

No "Daily Telegraph", equaciona-se vincular uma parte do salário dos seus jornalistas ao número de cliques que tenham os seus artigos e ao número de assinaturas geradas. Pelo menos, o "Guardian" assim o garante, depois de ter acesso a um mail dirigido aos funcionários e ter recolhido vários testemunhos. Pelo que consegui perceber, a informação não foi totalmente confirmada pelo jornal visado. Certo é que, por dificuldades técnicas, a medida não avançará já. Mas o editor do jornal considera justo que aqueles que trazem mais leitores sejam mais bem pagos. Os jornalistas indignaram-se e levantaram objeções, esperando que seja uma ideia louca que passará. Tenho uma notícia para lhes dar: não passará. Mais tarde ou mais cedo ela vai chegar a quase todas as redações. Já é esse o espírito instalado, quando, nas redações, há painéis com tráfego online de cada notícia.

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