A Liga Antidifamação quer impedir que os polacos sejam associados ao Holocausto e apoiou um processo contra dois académicos. Uma jornalista foi interrogada por escrever que “a participação polaca no Holocausto é um facto histórico”. Pela coação ou pela propaganda, todas as nações fazem das suas glórias a moral da sua História e relegam os seus crimes para o baú amoral do que “só pode ser entendido no seu tempo histórico”. E todas se indignam quando o foco sai das glórias para se fixar nos crimes. Não somos exceção
Não vou escrever sobre os famosos e abandonados brasões florais na Praça do Império, que se merecessem tanta preocupação quotidiana na sua preservação como merecem polémicas nos jornais estariam impecáveis. Primeiro, porque a polémica é requentada – encontrei um texto meu, de 2014, a participar nela. E outros de muitas outras pessoas, em 2016. Depois, porque se o projeto é mesmo o de pôr a praça como terá sido concebida por Vasco Lacerda Marques e Cottinelli Telmo, o debate torna-se mais complexo: quando tem a História de congelar as suas reescritas e as praças passam a ser intocáveis? Como escrevi em 2014, não vejo qualquer interesse em retirar os brasões. Sobretudo com o argumento do anacronismo, numa praça que se chama “do Império”. Mas sei que o debate vai muito para lá da defesa do património.
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