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Opinião

Os grunhos

Os grunhos

Pedro Moura

Engenheiro informático e empresário de Tecnologias de Informação

O Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF) promove neste espaço semanal uma reflexão sobre as temáticas da fraude, da corrupção, da economia não-registada, da ética, da integridade e da transparência. Neste artigo, Pedro Moura reflete sobre um dos aspetos mais profundos ligados à corrupção - o aspeto cultural

As discussões sobre corrupção ou fraude tendem a centrar-se em aspetos sistémicos, tendendo-se a esquecer que o ‘sistema’ funciona sobre algo muito mais profundo: a cultura.

Os ‘esquemas’, os deficientes mecanismos de deteção, o arrastar inconcebível dos processos judiciais, a sistemática impunidade dos casos de corrupção, são todos eles um ‘sistema’ que é baseado na cultura do povo que somos.

Alguém considerar, conceber e levar a cabo um ato fraudulento e/ou corrupto é sempre, no limite, um ato individual consciente exercido por um ou mais agentes, no meio de um caldo cultural de costumes e influências.

Importa assim perceber melhor o que é esse caldo cultural. Visto sermos péssimos juízes em causa própria (basta termos noção que somos os ‘melhores’ do mundo em praticamente tudo), temos de tentar olhar para nós a partir de fora, desejavelmente com base em dados com um mínimo de objetividade e credibilidade.

O site da Hofstede Insights disponibiliza um conjunto interessante de dados comparativos de traços culturais de um largo número de países, entre os quais a nossa ocidental praia lusitana.

Para tentar perceber as diferenças entre Portugal e outros países menos corruptos, recorri ao Corruption Perceptions Index (CPI) da Transparency International para identificar os países europeus mais bem classificados neste índice, por forma a comparar com Portugal nas várias dimensões culturais do Hofstede Insights. Estes países são: Dinamarca (1º país no ranking do CPI), Finlândia (3º lugar CPI), Suíça e Suécia (4º lugar CPI ex-aequo). Para nota, Portugal ocupa o 30º lugar no CPI, ex-aequo com Barbados, Qatar e Espanha. Eis os resultados:

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Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mourax@gmail.com

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