Queremos câmaras nas cidades para controlar os infetados. Eu fico bem
á uns anos instalaram uma câmara de videovigilância na minha rua. Lembro-me de ter recebido uma carta a explicar que aquilo só iria cuscar para o exterior e não para dentro das casas — uma possibilidade real — e que cumpriria todas as normas de proteção de dados e o mais. Pareceu-me um bom negócio, dado que este sistema já existia no bairro ao lado. A tal “mais segurança por menos privacidade” na rua. Sim, bem sei que não se deve dizer isto publicamente, e a ideia é proclamar o contrário. Mas que diabo, era trocar uma câmara pelo fim do tráfico de droga a turistas, da praga de pintadelas nas paredes — o abjeto tagging, o pequeno furto (vejo-o da janela), os jovens cidadãos a urinar impunemente nas paredes a qualquer hora, as cenas de pancada. Engano: as câmaras estão lá. Não faço ideia se funcionam, se do outro lado alguém vê, se servem para alguma coisa. A situação nesta rua do Chiado, entretanto piorou. Não digo que estou em Medellín nos anos 90. Mas é, digamos, chato. Mauzito. Bera.
Temos feito o outsourcing das nossas capacidades humanas na tecnologia porque nos dá jeito. Aquilo “acontece” sabe-se lá como. Sai-se em hora de ponta e não se ouve rádio e os seus conselhos de trânsito ou nem se dá uma mirada na TV a ver como estão as entradas nas cidades (já nem existem esses segmentos) mas liga-se o Google Maps. E ele, sabe-se lá como, só para mim, arranja-me o melhor caminho para fugir às horríveis filas onde os outros, incautos, se foram meter. Aquelas ruazinhas vermelhas. Tolos.
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