Observatório da Maioria

Porque mente Luís Paixão Martins?* (e a síndrome-de-pato de Marcelo)

Porque mente Luís Paixão Martins?* (e a síndrome-de-pato de Marcelo)

David Dinis

Diretor-adjunto

Luís Paixão Martins é uma referência incontornável da nossa democracia. Pela inteligência, pela ironia, pelo faro, mas sobretudo pela longa carreira de consultor de imagem, que o levou a aconselhar líderes tão diferentes como Cavaco Silva e António Costa. Talvez por isso, mas sobretudo porque temos uma sondagem a chegar à redação, decidi comprar o último livro que ele escreveu. Li-o de enfiada.

Chama-se “Como mentem as sondagens” e não engana pelo título. Paixão Martins dedica-se, com paixão, a “arrasar” as empresas de sondagens (a palavra é aqui empregue ironia), assim como os órgãos de comunicação social que as publicam. Para tal, aproveita o fardo que as sondagens carregam no espaço político depois do que se passou nas últimas legislativas. O fenómeno não é novo: os políticos não sabem viver com elas, nem sem elas. Os consultores também não.

Porém, se este “Como mentem as sondagens” não engana pelo título, engana pelo conteúdo: entra em contradição, sugestiona, classifica por supostas intenções, reduz todas a uma caricatura. Devo por consciência reconhecer que também acerta: anota como muitos jornalistas simplificam em excesso, como alguns métodos levantam dúvidas e até como algumas empresas parecem construir inquéritos à medida dos seus desejos de resposta.

O erro de Paixão Martins não é, portanto, o de criticar (tem alguns bons motivos para isso). É o de o fazer sem critério, nem ponderação – contribuindo mais para destruir um instrumento que reconhece ser importante nas democracias do que a contribuir para o melhorar.

Então vamos lá a ver: porque mentem as sondagens, Luís?

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