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Agora é que é

Agora é que é

João Cândido da Silva

Coordenador do Expresso Online

José Fonseca Fernandes

Bom dia,

O documento mais discutido, analisado e comentado nos meses mais recentes vai ser conhecido nesta quinta-feira. O Governo entrega a proposta de Orçamento do Estado para 2025 na Assembleia da República e, pelas 16h00, vai apresentá-lo ao país. Depois de um processo, apelidado de ‘negocial’, recheado de curvas e contracurvas, cedências e indecisões, dúvidas e hesitações, não há garantia de que venha a passar no Parlamento. Tem havido mais ruído e pequeno jogo político do que sentido das responsabilidades e prudência a lidar com o cansaço dos eleitores e não é seguro que a transferência do debate para a ‘casa da democracia’ venha a melhorar as perspectivas.

Ontem, em entrevista à TVI/CNN Portugal, Pedro Nuno Santos voltou a deixar tudo em aberto. Não afirmou que o PS não ajudará a viabilizar o Orçamento, mas o discurso foi abundante em sinais de que o instinto do líder socialista é o de optar por não dar apoio ao Governo e abrir a porta a eventuais novas eleições. Alegou com a discordância em relação à descida de um ponto percentual na taxa do IRC para justificar o fracasso nas conversas com Luís Montenegro, mas levantou dificuldades que ainda não tinham sido acenadas, como as divergências em relação à reprivatização da TAP. No final, ficou claro que toda a discussão foi improdutiva e um puro desperdício de tempo: afinal, só agora, com a proposta de Orçamento na mão, Pedro Nuno Santos diz que estará em condições de avaliar as medidas e assumir uma posição.

Num documento com a abrangência do Orçamento do Estado não será difícil ao líder do PS, e a quem, no interior do partido, argumenta a favor do ‘chumbo’, encontrar matéria para sustentar divergências insanáveis, linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas e pormenores susceptíveis de ferir convicções. Os obstáculos são potencialmente imensos num quadro em que o Governo pretende que uma ‘luz verde’ do maior partido da oposição corresponda a um compromisso que envolva todo o documento e se exclua a possibilidade de, na discussão na especialidade, surgirem propostas apoiadas pelo PS que possam gerar despesa e desequilíbrios no Orçamento.

Entretanto, há vida para além do frenesim político. A probabilidade de, dentro de algumas semanas, as medidas que já foram reveladas não passarem de letra morta é elevada. Mas vale a pena recordar aquilo que já é conhecido. Desde ajustamentos no salário mínimo a remunerações na Função Pública, de mexidas no IRS a apoios ao arrendamento, reveja neste texto aquilo que foi noticiado. Logo à tarde haverá mais e o Expresso estará em cima do acontecimento para lhe dar conta das novidades.

OUTRAS NOTÍCIAS

Natureza em colapso. A biodiversidade global está a desaparecer a um ritmo alarmante, colocando o futuro da vida na Terra em risco. Mais de dois terços das populações de animais selvagens estão em declínio. Os alertas estão no ‘Relatório Planeta Vivo 2024’, da World Wildlife Fund.

Milton perdeu intensidade. O furacão deixou mais de dois milhões de pessoas e 2,8 milhões de casas e empresas sem eletricidade, depois de atingir o litoral do sudeste dos Estados Unidos.

Bombeiro, profissão de desgaste rápido. Duas propostas do PCP foram aprovadas no Parlamento, com a abstenção do PSD, CDS, PS e IL e votos a favor dos restantes partidos, dando resposta a uma das reivindicações da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais.

Câmara de Lisboa queixa-se à Procuradoria. Proposta do PS, aprovada nesta quarta-feira, obriga os serviços municipais a apresentar uma providência cautelar para “prevenir lesão iminente decorrente da realização de obras de expansão no Aeroporto Humberto Delgado”.

Tapeçaria furtada de museu. A obra “Le Roi Soleil” desapareceu no passado domingo do Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino durante o período de visitas. A diretora apela à devolução de uma peça que fazia parte do acervo da instituição desde a inauguração, em 2001.

Biden e Netanyahu conversaram. Os Estados Unidos avisaram Israel contra qualquer ofensiva no Líbano que “se assemelhe” ao que aconteceu na Faixa de Gaza.

Mais ajuda europeia a Kiev. Os embaixadores dos países da União Europeia chegaram a acordo sobre um empréstimo de 35 mil milhões de euros à Ucrânia, no quadro de 45 mil milhões de euros em assistência do G7 ao país invadido pela Rússia.

Novo líder em Macau. A votação realiza-se no próximo domingo e Sam Hou Fai é o único candidato na corrida à liderança do governo do território outrora administrado por Portugal. Defende que a cultura dos descendentes portugueses deve ser respeitada.

FRASES

“Temos não sei quantos canais de informação na tv, nacional e internacional, centenas e centenas de comentadores, mas todos dizem exatamente a mesma coisa sobre assuntos chave. Esta imposição evidente de um único discurso legítimo é uma das causas da crise dos média, cá e lá fora”, Henrique Raposo

“Os amigos, como se sabe, são para as ocasiões e a especialidade de José Luís Arnaut é aquilo a que pomposamente se chama hoje networking”, Daniel Oliveira

“Em Gaza, o que resta é aniquilação, um povo de zombies alucinados pelo terror das bombas e uma desordem civil que prenuncia um futuro pior que o da Somália”, Clara Ferreira Alves

PODCASTS

Expresso da Manhã. No Parlamento Europeu, Ursula Von der Leyen não poupou nas palavras para acusar Viktor Órban devido às suas políticas sobre a Ucrânia e a imigração. Susana Frexes conversa com Paulo Baldaia.

Money Money Money. Que impactos se podem esperar das 30 medidas que foram anunciadas pelo Governo para apoiar os media? João Silvestre e Pedro Lima avaliam o plano do Executivo.

Ontem Já Era Tarde. Hugo Leal é amigo de Rúben Amorim e vê com orgulho o percurso do atual técnico do Sporting: “Ele dá 10 a zero aos demais na parte da comunicação", afirma, em conversa com Luís Aguilar.

Bloco Central. Pedro Siza Vieira, Pedro Marques Lopes e Paulo Baldaia discutem e analisam os avanços, recuos e hesitações em redor da viabilização do Orçamento do Estado para 2025.

Tenho Cancro. E depois?. Graça Freitas fala pela primeira vez abertamente sobre a doença na estreia deste podcast, acompanhada por Fátima Vaz, diretora do serviço de Oncologia Médica do IPO de Lisboa.

O QUE ANDO A OUVIR

Chance”, Miki Yamanaka. Pianista nascida no Japão e que se fixou em Nova Iorque há uma dúzia de anos, Miki Yamanaka acrescenta mais uma peça à sua discografia com a ajuda de dois colaboradores habituais: Tyrone Allen, no contrabaixo, e Jimmy Mcbride, na bateria. O talento e o virtuosismo de Yamanaka movem-se no ‘mainstream’, através de música acessível e interpretada com um entusiasmo contagiante.

Run the Gauntlet”, Kris Davis Trio. Mais uma gravação de um trio, neste caso liderado pela pianista Kris Davis, acompanhada por Johnathan Blake, na bateria, e Robert Hurst, no contrabaixo. Os temas exploram terrenos aventurosos. Visam prestar homenagem a mulheres inovadoras e nomes incontornáveis na história do jazz, que inspiram Davis, entre as quais Geri Allen, Marilyn Crispell, Carla Bley ou Angelica Sanchez.

E é tudo. Pelas 23h00, os textos da edição impressa desta semana estarão disponíveis online. Amanhã, pode encontrar o jornal nas bancas. Entretanto, acompanhe a actualidade no Expresso, Tribuna e Blitz, consulte as sugestões do Boa Cama Boa Mesa e tenha um excelente dia.



Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jcsilva@expresso.impresa.pt

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