Boa tarde
A semana ficou marcada pelas demolições no bairro do Talude Militar, em Loures, e no dia em que o movimento Vida Justa denunciou que várias das famílias desalojadas permanecem sem alternativa habitacional e têm passado as noites em tendas ou ao relento, o presidente da autarquia quebrou o silêncio e falou sobre o tema.
Fê-lo através das redes sociais, e para prometer mais demolições. No vídeo que partilhou, Ricardo Leão acusa movimentos e figuras públicas de se estarem a "aproveitar da pobreza e fragilidade de algumas pessoas para ganhar protagonismo ou alimentar causas populistas".
Garante a autarquia de Loures que prestou apoio a todos os que o solicitaram. Contudo, afirma que "a maioria recusou antes do contacto formal" e só 29 famílias recorreram ao atendimento social. Mas se o município assegura que todas as famílias que ocupavam as barracas demolidas no bairro do Talude Militar “tiveram acesso a soluções concretas” e só ficaram a dormir ao relento porque recusaram a ajuda, o Movimento Vida Justa garante que “os supostos apoios não são reais nem são consequentes”.
Um dos apoios que foram propostos passa pelo pagamento da caução e da primeira renda a famílias que arrendem uma casa e apresentem o respetivo contrato assinado, desde que a renda não seja superior a 500 euros - o que não existe no concelho, denuncia o movimento: “Se houvesse casas para arrendar até 500 euros, as famílias não estariam a viver no Talude.
O problema não é novo, e muitos dos que perderam agora as casas ou estão em vias disso, já passaram por demolições anteriores voltando a construir barracas onde viver, e no mesmo bairro. Para as voltar a perder? "Esta não foi a primeira intervenção nem será última. Já demolimos desde o início deste mandato cerca de 250 construções idênticas", afirma Ricardo Leão no vídeo publicado.
Há mais notícias para conhecer. Ficam abaixo os destaques.
Bom fim de semana
1. Morrer na estrada
Em quatro anos, entre 2021 e 2024, morreram mais de 2300 pessoas nas estradas portuguesas. Os números são trágicos e o total de vítimas mortais não desce há uma década, fazendo que o país continue a estar entre os piores da União Europeia. Ainda assim, há já cinco anos que a Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária salta de Governo em Governo sem ser aprovada.
2. Um barril de pólvora
Há meses que a situação na província de Suwayda, no sudoeste da Síria, encostada à fronteira de Israel, é um barril de pólvora. Na região há um conflito entre drusos e tribos beduínas, sunitas, sobretudo pelo controlo das lucrativas rotas de contrabando (para a Jordânia e para Israel), situação que ganhou novos contornos com a entrada em cena de Israel, alegadamente para proteger a minoria drusa. Durante toda esta semana, o regime de Netanyahu bombardeou tropas governamentais e comboios de reforços a caminho de Suwayda. Quarta-feira, bombardeou o centro de Damasco, atingindo quer o palácio presidencial quer o quartel do Estado-maior do regime sírio, o que nunca fizera durante as décadas do regime de Bashar al-Assad. Israel explora a fragilidade do novo regime sírio para reescrever as fronteiras do Médio Oriente e avançar com as suas políticas expansionistas, pondo em risco a estabilização da Síria.
3. Crimes de ódio: só 2% resultaram em acusação
O Ministério Público abriu 1020 inquéritos sobre crimes de ódio desde o início da pandemia, em 2020. Só que a maior parte destes casos acabaram arquivados, muitas vezes por falta de provas. Mostram os dados que apenas 19 dessas investigações deram origem a uma acusação, ou seja, menos de 2% do total. Uma parte destes crimes foram cometidos por grupos de negacionistas das vacinas da covid-19 e, após o fim da pandemia, por movimentos de extrema-direita que têm publicado milhares de vídeos e posts nas redes sociais que incitam ao ódio contra imigrantes, mimetizando os congéneres europeus.
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