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Parlamento volta a chumbar reconhecimento da Palestina

Parlamento volta a chumbar reconhecimento da Palestina

Mafalda Ganhão

Jornalista

Parlamento português
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Boa tarde

No dia em que na Assembleia da República se discutiu a privatização da TAP, a violência obstétrica e os direitos animais, foi, mais uma vez, a Palestina a agitar os ânimos. O Parlamento voltou a adiar o reconhecimento do Estado palestiniano. As várias propostas apresentadas pelo PS, Livre, Partido Comunista Português, BE e PAN, foram todas chumbadas graças aos votos contra do PSD, CDS-PP e Chega, e apesar dos votos a favor de PS, Livre, PCP, BE, PAN e JPP.

Com a presença da embaixadora palestiniana, Rawan Suleiman, nas galerias, houve momentos mais tensos, nomeadamente quando, em resposta à intervenção inicial do PCP, que condenou a operação israelita na Faixa de Gaza e os bombardeamentos a civis, Pedro Pessanha, deputado do Chega, acusou os comunistas de ter uma ética “seletiva, hipócrita e perversa”, ao não referir “o direito de defesa” de Israel ou o ataque do dia 7 de outubro pelo Hamas. Paulo Raimundo retaliou prometendo fazer chegar à bancada do Chega “a lista das crianças mortas perante o genocídio que está em curso”.

Unida na crítica ao que o deputado Jorge Pinto, do Livre considerou ser “o grande crime, a grande vergonha da nossa época, a esquerda reagiu com vigor.”Mariana Mortágua apontou para a realidade nos territórios palestinianos ocupados e citou Hannah Arendt para alertar que “estamos a assistir em direto à banalização do mal”. Já João Torres, do PS, sublinhou que “o reconhecimento do Estado da Palestina deixou de ser apenas um ato simbólico ou diplomático; tornou-se de facto um imperativo político e ético na nossa sociedade”.

Outras notícias marcam o dia, ficam os habituais destaques.

Bom fim de semana

1. Alertas ignorados

O Ministério da Saúde ignorou os alertas do Tribunal de Contas, do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e da Força Aérea para a necessidade de abrir um concurso para o helitransporte de doentes a tempo de assegurar o socorro a partir de 1 de julho. O novo concurso para ambulâncias aéreas tinha de ser aberto até 30 de setembro de 2024 e o Governo só avançou no final de novembro. “O lançamento de novo concurso é um cenário que tem de ser ponderado com prudência e cautela”, considerou a tutela. Na cronologia do atraso, o serviço do helitransporte de emergência médica só foi assinado com o operador privado no final de maio e, quando tudo ficou concluído, a Gulf Med não tinha aeronaves nem pilotos disponíveis.


2. Militares no ativo envolvidos no treino de grupos neonazis

Um importante elemento do Grupo 1143 e da já extinta Nova Ordem Social (NOS) — movimentos de cariz neonazi liderados por Mário Machado — revelou em várias conversas com membros de uma outra organização de extrema-direita que o seu grupo recebeu formação com armas reais de ex-militares, mas também de militares no ativo. Há suspeitas de que o Grupo 1143 usou armas reais em jogos de guerra e a situação está a preocupar as autoridades portuguesas. Ao Expresso, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) diz estar “atento a eventuais situações irregulares, ilícitas ou ilegais que envolvam militares”.

Algumas das principais associações das forças armadas já reagiram às suspeitas: "Caso isto seja verdade, envergonha-nos a todos como militares. E preocupa-nos", considera João Mata, presidente da Associação Nacional de Sargentos.


3. O efeito Trump nas exportações portuguesas

Quando Donald Trump ganhou as eleições presidenciais norte-americanas, no final do ano passado, as exportações portuguesas de mobiliário para os Estados Unidos da América (EUA) estavam a crescer 15%. A realidade mudou, e da metalurgia ao calçado, todos os sectores estão a sofrer e a procurar alternativas ao mercado norte-americano. “Era o nosso mercado com maior potencial, mas agora está a cair quase 15%, a refletir a instabilidade e o adiamento de decisões de compra decorrentes da política protecionista da Casa Branca”, como disse ao Expresso Gualter Morgado, diretor executivo da APIMA — Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins.


Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MGanhao@expresso.impresa.pt

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