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O futuro do mercado de trabalho: 24 milhões de empregos verdes até 2030?

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Uma vez por mês, à terça-feira, o SER traz-lhe um tema-chave sobre o meio ambiente, com contexto, notícias relevantes e dicas práticas para facilitar a sua jornada “verde”. Hoje, falamos sobre o mercado de trabalho e de como está a ser moldado pela agenda da sustentabilidade.

O que diz a OIT? Há oportunidades e riscos

A transição para uma economia mais “verde” pode representar uma grande oportunidade para o mercado de trabalho. Segundo o World Employment and Social Outlook, conduzido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 24 milhões de novos empregos podem surgir até 2030, impulsionados pelas energias renováveis, pelos veículos elétricos e pela eficiência energética nos edifícios.


Mas nem tudo são ganhos: indústrias como o carvão e o petróleo deverão perder cerca de 6 milhões de postos de trabalho. Além disso, a OIT lembra que cerca de 1,2 mil milhões de empregos no mundo dependem diretamente de um ambiente “saudável”. O aquecimento global, no entanto, poderá extinguir 72 milhões de empregos até 2030, sobretudo na agricultura, pescas e turismo.


A organização deixa claro que a transição só será positiva se for justa. Isto significa que não basta criar novos empregos, é preciso garantir que são também decentes, com salários justos e boas condições de trabalho. E, não menos importante, que a mudança seja acompanhada de políticas públicas, investimento em formação e diálogo entre todos os quadrantes da sociedade.

Mais de 13% dos empregos em Portugal são verdes

Um estudo do Centro de Relações Laborais (CRL), desenvolvido pela Universidade do Minho, mostra que, em 2019, cerca de 13% do emprego em Portugal já tinha características “verdes”. O CRL explica há cada vez mais posições ligadas às energias renováveis, à construção e ao setor automóvel.


A estimativa aponta para cerca de 42 mil novas funções emergentes, diretamente criadas pela transição. Os setores-alvo são os da eletricidade e gás, onde 40% do emprego já era verde em 2019, seguidos da construção (26%) e dos transportes (25%).


O documento alerta, no entanto, para desafios - entre eles, as desigualdades. O CRL diz que estes novos empregos são ocupados sobretudo por homens, trabalhadores mais velhos e com níveis de qualificação elevados, deixando de fora mulheres e jovens.


Soma-se o facto de o impacto da transição ser discrepante ao nível territorial. De acordo com os investigadores, enquanto algumas regiões ganham oportunidades com as renováveis, outras sofrem com o fecho de indústrias intensivas em carbono, como aconteceu em Sines e Matosinhos.


A OCDE está em linha, ao estimar que até 2030 um em cada quatro empregos no mundo será transformado pela transição para a neutralidade carbónica. Mas diz que, do ponto de vista financeiro, Portugal está entre os países mais penalizados: quem perde o emprego num setor poluente pode ver o seu rendimento anual cair em média 68%, muito acima da média da OCDE (38%).

Reconverter para não deixar ninguém para trás

A reconversão profissional, isto é, o processo que consiste em reorientar e atualizar as competências de um trabalhador para que possa desempenhar novas funções ou integrar setores diferentes, pode ser a resposta para garantir que ninguém é deixado para trás nesta mudança do mercado de trabalho.


O Programa Trabalhos e Competências Verdes, criado pelo IEFP em 2023, financia formações em áreas ligadas à sustentabilidade, desde energias renováveis e eficiência energética à mobilidade elétrica e economia circular. É uma porta de entrada para trabalhadores de setores em transformação que procuram novas oportunidades.


Há também o Cheque-Formação + Digital, que apoia até €750 por ano em cursos de competências digitais. De análise de dados a cibersegurança, passando pela indústria 4.0 ou pela gestão de redes sociais, é um instrumento que permite a qualquer trabalhador reforçar o seu perfil num mercado cada vez mais tecnológico.


Por fim, e no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), destacam-se ainda programas como o Impulso Jovens STEAM e o Impulso Adultos, que promovem formação em ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática (áreas com forte ligação ao crescimento verde e à inovação).

Como podemos ser parte da solução?

A transição verde não depende apenas de governos e empresas. Também nós, enquanto cidadãos, temos um papel a desempenhar:

  1. Valorizar empresas que investem em sustentabilidade e formação dos seus trabalhadores;
  2. Apoiar iniciativas locais ligadas à energia, mobilidade e economia circular;
  3. Incentivar familiares e colegas a procurar formações em competências verdes;
  4. Apostar na aprendizagem contínua e no desenvolvimento de competências ligadas à sustentabilidade.




Cada gesto, por mais pequeno que seja, conta para criar um futuro mais “verde”. A newsletter Expresso SER volta à sua caixa de correio no próximo mês, com mais dicas e informação. Para sugestões ou comentários, contacte-me através de: mcdias@expresso.impresa.pt


Até lá, boas leituras e práticas sustentáveis!

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mcdias@expresso.impresa.pt

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