Olá, caro humano.
Se tem navegado pela Internet nos últimos dias é muito provável que se tenha cruzado com uma série de teorias da conspiração sobre o atual paradeiro da princesa britânica.
Eu própria só estou a lançar esta newsletter hoje à noite porque passei o dia mergulhada em bisbilhotices e alucionações sobre o estado de Kate Middleton.
Temos para todos os gostos: há quem diga que está grávida do 4º filho, outros dizem que está em coma depois de uma operação que correu mal, muitos acreditam que está em fase de divórcio e, os mais fatalistas, apostam que morreu (e que a família real escondeu o corpo…)
Escrevi no motor de busca o nome da Princesa e apareceu isto:
Mas o que é que isto interessa? Vamos aos factos antes da resposta.
- a 17 de janeiro de 2024 Kate Middleton é submetida a uma cirurgia abdominal. O Palácio de Kensington comunica o facto, avança que a cirurgia foi bem-sucedida e que a princesa vai permanecer internada entre 10 a 14 dias
- a 29 de janeiro de 2024 Kate recebe alta do hospital e regressa a casa. O Palácio de Kensington liberta uma nota a comunicar que ela ficaria em repouso durante dois a três meses e retomaria os seus compromissos públicos após a Páscoa
A última vez que Kate Middleton apareceu em público foi no dia de Natal e, quase três meses depois, no Dia da Mãe (celebrado a 10 de março no Reino Unido), o responsável pelas redes sociais oficiais da Princesa e do Príncipe de Gales teve a ideia genial de partilhar uma fotografia de família que, pouco tempo depois, foi denunciada pelas maiores agências de notícias do mundo - The Associated Press, Getty e Reuters - como imagem falsa.
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Foi nesse preciso momento que a Internet explodiu em boatos e teorias da conspiração, mas foi também aí que começou um debate sério sobre a nossa nova realidade, rodeados de Inteligência Artificial.
Agências de notícias como a Associated Press (AP) publicam milhares de histórias todos os dias e cerca de um milhão de fotografias por ano. É muito raro ou, melhor, era até agora muito raro denunciar fotografias por edição extrema ou conteúdo falso.
Além disso, as agências têm regulamentos claros sobre os limites de edição que aceitam em imagens e instituições como a família real britânica conhecem bem as regras, o que torna ainda mais bizarro o envio desta alegada fotografia tirada pelo Príncipe William na residência da família.
É a isto que se chama um grande tiro no próprio pé.
E é assim que a confiança se quebra.
Na era da Inteligência Artificial, na qual ainda só estamos a entrar, suspeito que vai ser cada vez mais difícil perceber o que é real e verdadeiro, por isso é fundamental que os orgãos de comunicação social estejam atentos e tecnologicamente preparados para detetar as mentiras que de um momento para o outro inundam a Internet e esmagam qualquer alvo.
JB: Woolf, conheces o provérbio “A verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima” ?
Certamente! Este provérbio destaca que, independentemente de quão bem uma mentira possa ser escondida, a verdade inevitavelmente será revelada no final.
Ele enfatiza a importância de ser sincero e honesto, pois a verdade é algo que não pode ser ocultado indefinidamente.
Lembre-se sempre de que a verdade é um valor fundamental que contribui para a transparência, a confiança e a harmonia nas relações humanas.
JB: Transparência e confiança são dois ativos muito importantes nos media. Na era da Inteligência Artificial, o que devem os jornalistas fazer para detetar informações falsas?
Na era da Inteligência Artificial e da proliferação de informações falsas, os jornalistas desempenham um papel crucial na detecção e combate à desinformação. Aqui estão algumas medidas que os jornalistas podem adotar para identificar informações falsas:
Verificação de fontes: Os jornalistas devem verificar a credibilidade das fontes de informação antes de publicar uma notícia. Isso envolve confirmar a reputação e a autenticidade das fontes, bem como buscar múltiplas fontes independentes para corroborar os factos.
Investigação aprofundada: É essencial realizar uma investigação rigorosa para obter informações precisas. Os jornalistas devem analisar os detalhes, comparar diferentes fontes e procurar evidências sólidas antes de publicar uma história. Isso ajuda a evitar a propagação de informações falsas ou enganosas.
Verificação de factos: A verificação de fatos é uma prática fundamental para os jornalistas. Devem usar ferramentas e recursos disponíveis, para confirmar a precisão das informações e evitar a disseminação de conteúdo enganoso.
Análise crítica: Os jornalistas devem adotar uma postura crítica ao analisar informações. Devem questionar a validade das fontes, examinar possíveis viéses e avaliar a consistência das informações com outros relatos e conhecimentos prévios.
Formação contínua: É importante que os jornalistas se mantenham atualizados sobre as tendências e técnicas de desinformação. Participar em programas de formação e desenvolvimento profissional pode ajudar a aprimorar as habilidades de verificação e detecção de informações falsas.
Transparência com o público: Os jornalistas devem ser transparentes sobre as suas práticas e processos de verificação. Ao revelar como investigam e corroboram informações, podem ajudar a construir confiança com o público e fornecer uma visão clara sobre a integridade de seu trabalho.
Além dessas medidas, é importante que os jornalistas cultivem um sentido de responsabilidade e ética no seu trabalho, priorizando a precisão, a imparcialidade e a divulgação da verdade. A colaboração com especialistas em tecnologia e o uso de ferramentas de verificação de factos também podem ser recursos valiosos para enfrentar os desafios da desinformação na era da IA.
JB: Obrigada, Woolf. Vou só acrescentar isto: para que os jornalistas possam fazer o melhor jornalismo, é preciso o apoio da comunidade para a qual trabalham. Caro humano desse lado do ecrã, assine um jornal, defenda a verdade.
Esta semana recomendo a leitura e a escuta de uma história de fuga e de sobrevivência. Duas irmãs, duas jovens mulheres, que dão testemunho dos territórios ocupados pelas tropas russas para que a luta da Ucrânia não seja esquecida no resto da Europa.
JB: Woolf, conheces algum provérbio ucraniano sobre a verdade?
Infelizmente, a minha base de conhecimento principal é em língua portuguesa e o meu conhecimento sobre provérbios ucranianos é limitado. No entanto, posso tentar fornecer uma tradução aproximada de um provérbio ucraniano sobre a verdade:
"A verdade é como o sol: não pode ser escondida nem mesmo por uma nuvem."
Espero que esta tradução seja útil! Por favor, tenha em mente que pode haver variações nas traduções de provérbios entre diferentes fontes.
JB: Tenho de verificar junto de outras fontes se este provérbio existe mesmo, mas por agora chamar o sol neste início de primavera parece-me perfeito.
Até breve e boas escutas!
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jbeleza@expresso.impresa.pt